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segunda-feira, 22 de janeiro de 2018

Voo de parapente ajuda cadeirantes a superar limites


Se para você parece improvável que pessoas com deficiência física possam voar, para um grupo de pilotos de paraglider a resposta é oposta. Uma equipe de mais 10 pessoas, entre apoio técnico, instrutores e pilotos, tornou realidade à prática do voo de parapente para mais de 50 cadeirantes, esse mês, na praia do Sol, litoral da Paraíba. A ação, intitulada de “Eu não posso andar, mas posso voar”, foi coordenada pelo publicitário e piloto Claudio Cardoso, mais conhecido como Cloud, que mostrou que o céu é o limite para quem tem força de vontade.

O projeto, que existe há três anos, surgiu do desejo de Cloud em oferecer experiências diferentes à pessoas com deficiência e as que não têm condições financeiras. Para ele, os voos são como uma forma de superação e de afirmação de autonomia. “É algo incrível, pois quando estamos lá em cima não somos cadeirantes ou andantes. Somos voantes, somos pássaros”, pontua. “Quando você começa a fazer um voo duplo, a tua emoção vai ao dobro, porque você sente a própria emoção de voar e a do outro. Quando eu voei com um cadeirante, isso foi além, pois começa a passar pela sua cabeça a superação que existe naquela pessoa”, completa o piloto que tem 18 anos de experiência com voos.

Para facilitar o transporte, a Secretaria de Desenvolvimento Social, Criança e Juventude (SDSCJ), por meio da Superintendência de Apoio à Pessoa com Deficiência (SEAD), disponibilizou a van do programa PE Conduz para buscar alguns cadeirantes em casa e levá-los até o ponto de encontro de onde partiram dois micro-ônibus adaptados, que foram disponibilizados pela Secretaria Estadual de Educação (SEE) por meio de uma parceria entre o órgão e a SDSJ. Ao todo, foram levados até a praia 25 cadeirantes em cada dia.

“O PE Conduz é um programa que busca as pessoas de cadeiras de rodas em suas residências para tratamentos de saúde e aos fins de semana as vans são usadas para proporcionar dias de lazer. Ele é muito importante pois oferece condição às pessoas com deficiência e isso tem mudado de forma significativa a vida delas”, afirma o superintendente da Sead, Edimilson SIlva.

Para o secretário da SDSCJ, Cloves Benevides, o evento quebra paradigmas em torno das pessoa com deficiência. Nenhuma limitação física é maior que a força de vontade e a capacidade das pessoas de sonharem, de voarem alto, seja para desconstruir os estigmas e garantir cidadania, seja para acessar o mercado de trabalho e campos produtivos e assim por diante”, ressalta Cloves.

Uma van adaptada foi até Casa Amarela, na Zona Leste do Recife, endereço da casa do paratleta Emídio Fernandes, um dos nomes que participou da ação.  Aos 55 anos de idade e convivendo com a deficiência desde a infância, ele conta que nunca se limitou a nada, mas que a ideia de voar era algo que acreditava ser impossível. “Sempre gostei de esportes radicais, então não iria perder essa oportunidade de voar. Faço atletismo, natação, corrida de bicicleta, sou jogador de vôlei, faço tudo. Dê uma chance, que eu aproveito”, afirma. “O defeito da sociedade é achar que nós não temos capacidade. Qualquer esporte eu posso praticar, basta apenas ser adaptado. Tive paralisia infantil aos 10 meses e sempre fui assim. Aqui não tem ninguém incapaz, mas apenas com limitações e que a gente vai ultrapassando dia após dia”, completa.

A segunda parada da equipe do PE Conduz foi na Iputinga, bairro onde mora Walmir Barbosa. Com o sonho de ser piloto de caça da Força Aérea, ele aceitou o convite de participar da ação como uma realização do desejo de voar, algo que desde criança almejava. “Quando criança sonhava em voar para ir à caça dos extraterrestres, mas nunca imaginei que poderia fazer algo assim. Quando soube da ação, de início, fiquei um pouco receoso por conta da minha deficiência que é mais complexa. Sou tetraplégico e a expectativa maior é em saber como esse voo vai acontecer”, pontua.

PE CONDUZ: O programa PE Conduz é um serviço gratuito do Governo do Estado que atua no Grande Recife, nos polos do Agreste Central, nas Zonas da Mata Norte e Sul e no Sertão do São Francisco, atendendo pessoas com deficiência em vans adaptadas. Nos fins de semana são promovidas rotas de lazer com os usuários. Em 2017, 45 vans percorreram os 18 municípios pernambucanos levando uma média de 600 usuários por mês.

Blog: O Povo com a Notícia