Na reta final da campanha
eleitoral, as pesquisas sobre intenções de voto tomam conta do noticiário e são
uma fonte de informação importante tanto para os candidatos quanto para os
eleitores.
O cientista político Geraldo Tadeu Monteiro afirma que as pesquisas
desempenham papel importante na decisão do eleitor. De acordo com ele, existe
tanto o voto útil, quando o eleitor quer ajudar alguém que tem mais chance;
quanto o voto de veto, quando o eleitor quer fazer com que um candidato
específico perca. "A pesquisa não determina, ela influencia como qualquer
outra fonte de informação”, esclarece.
Segundo Monteiro, o resultado da pesquisa faz parte de um conjunto de
informações que o eleitor usa a fim de decidir. “Se ele quiser votar no
candidato que está ganhando ou ele acha que o voto útil para a sua tendência
política é mais interessante, ele tem o direito de ter essa informação”.
O especialista considera, no entanto, um mito a tese de que o brasileiro
vota no “cavalo que está ganhando”. Ele pesquisou o assunto e concluiu que só
5% dos eleitores podem mudar de voto se descobrirem que seu candidato não tem
chance. “Os outros 95% escolhem um e vão com ele até o final”, destaca.
Espontâneas x estimuladas
Geraldo Tadeu Monteiro também fala sobre a diferença entre pesquisas
espontâneas e estimuladas. Para ele, a espontânea mostra o grau de consolidação
daquela opção de voto. “Quando o sujeito espontaneamente declina o nome do
candidato é porque para ele aquela informação já está bem segura”.
Já a pesquisa estimulada, quando são apresentadas as opções para o
eleitor, pode gerar resultados diferentes. “Na pesquisa espontânea, 56% das
mulheres estão indecisas com relação ao candidato a presidente, mas quando você
estimula, só 7% ficam indecisas”, exemplifica.
Regras
As pesquisas são bastante controladas pela Justiça Eleitoral e buscam refletir
as características da população. A lei eleitoral estabelece que devem ser
declinadas na hora do registro todas as ponderações por idade, por sexo, por
local de moradia. “Por isso os resultados são apresentados pelas regiões:
Sudeste, Sul, Centro-Oeste. Mulheres e homens. E essa ponderação em geral usa
os dados do próprio TSE ou do IBGE”, explica Monteiro.
Pelas técnicas de amostragem utilizadas, os entrevistados devem
representar os 147 milhões de eleitores brasileiros. “Por exemplo, nós sabemos
que 54% do eleitorado é feminino e, portanto, de cada mil entrevistados, 540
serão mulheres".
Os candidatos também ficam atentos aos recortes de idade, sexo e
escolaridade feitos pelos institutos de pesquisa. Esses dados auxiliam no
discurso que é feito para o eleitorado durante a campanha.
Prioridades
A pesquisa Datafolha divulgada no último dia 11, por exemplo, trouxe o que os
eleitores consideram prioridade para as ações do próximo presidente. Saúde
lidera com 40%. Em seguida, vêm educação, violência e desemprego. A corrupção,
citada na própria pesquisa entre os principais problemas do País, aparece com
2% apenas.
Divergências
Geraldo Tadeu Monteiro afirma ainda que já houve casos na história das eleições
brasileiras de resultados muito diferentes das pesquisas, muitas vezes por
fatos ocorridos às vésperas da votação; mas ele acredita que isso não é motivo
para restringir sua divulgação. A única restrição imposta hoje é em relação às
pesquisas de boca de urna, feitas no dia da votação, que só podem ser
divulgadas após o fechamento das urnas.
Resultados das urnas em 2014 foram muito diferentes das pesquisas em
vários estados. O que é considerado boca de urna.
Restrições
Na Câmara, o debate sobre esse tema é permanente e algumas propostas sugerem
regras mais rigorosas para as pesquisas. A Comissão de Constituição e Justiça
analisa projeto que permite divulgação de pesquisa só até 15 dias antes da
eleição (PL 2/15). O autor, deputado Ricardo Barros (PP-PR), entende que as
pesquisas podem prejudicar políticos e partidos, que às vésperas do pleito não
conseguem verificar os dados e métodos utilizados.
Outro projeto, o PL 96/11, do deputado Rubens Bueno (PPS-PR), aumenta a
punição para institutos de pesquisa envolvidos em levantamentos fraudulentos. A
matéria aguarda votação pelo Plenário. (Via: Agência Câmara)
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