De encantadores olhos azuis e sempre acompanhado da sua eterna amada Vitalina, o boneco gigante mais
antigo do Brasil desembarcou ontem para saudar o Carnaval. Zé Pereira, aos 100
anos, saiu de Belém de São Francisco, no Sertão pernambucano, e
chegou de Catamarã ontem, no Cais do Sertão, no Centro do Recife.
“A vinda do boneco Zé Pereira para
o Recife é um momento muito importante para nós de
Belém, uma cidade tão pequenininha, meio esquecida no Sertão. E nunca
divulgamos ele. Sertanejo é tímido”, conta a professora Maria Auxiliadora,
64, que veio de Belém para ver a chegada. Zé Pereira foi
recebido com festa e caiporas, caretas, passistas de frevo, papangus e caboclo
de lança.
Zé e Vitalina saíram no
último dia 10 de fevereiro da cidade de origem, de barco pelo Rio São Francisco. Reverenciado
pelos bonecos gigantes do Recife e de Olinda, Zé Pereira é o elo do antigo e do novo Carnaval. “Os bonecos gigantes são uma
tradição muito forte no Carnaval de Pernambuco. E o primeiro do País surgiu em
um município pequeno, a quinhentos quilômetros do Recife. Então, no ano do
centenário de Zé Pereira, entendemos como importante exaltarmos essa tradição, a
nossa cultura. Trouxemos ele e sua esposa Vitalina para brincar Carnaval na Capital. Ele
será homenageado por seus descendentes, os bonecos de Olinda”, contou o
secretário de Turismo e Lazer de Pernambuco, Rodrigo Novaes.
Em 1919, o morador de Belém chamado de Gumercindo Pires criou o personagem, após ouvir as histórias do padre belga Norberto Phallampin, morava e celebrava missas na região. Ele contava que utilizava bonecos grandes para chamar a atenção dos fiéis e convencê-los a assistirem às missas. Gumercindo resolveu tirar os bonecos do sagrado e levar para o profano.
Segundo Tercina Lustosa, professora da UFPE, o Zé Pereira fez sucesso entre crianças e idosos, mudando o cenário do Carnaval da região. “Ele foi idealizado pelo Gumercindo e criado em equipe com sua tia e amigos. O nome foi dado em homenagem ao português que deu origem ao Sábado de Zé Pereira, comerciante no Rio de Janeiro do século 19, que tinha no sangue as raízes e alegorias carnavalescas de sua terra”, comenta Tercina. (Via: Folha PE)
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