O líder da oposição venezuelana, Juan Guaidó, reconhecido por cerca de
50 países como presidente interino de seu país e buscando apoio mais concreto
do Brasil, chegou nesta quinta-feira (28) em Brasília, informou a imprensa
local, e será recebido no período da tarde pelo presidente Jair Bolsonaro,
antes de seu retorno anunciado a Caracas, onde ele poderia enfrentar a
justiça.
Bolsonaro "receberá Guaidó em visita pessoal", que começará às
14h no Palácio do Planalto, informou o porta-voz da Presidência da República,
Otávio Rêgo Barros.
Guaidó, vindo de Bogotá, chegou ao Aeroporto Internacional de Brasília
às 04h40, informou o portal G1.
A embaixadora encarregada por Guaidó no Brasil, María Teresa Belandria,
disse que o líder da oposição também será recebido "por numerosos
representantes das delegações diplomáticas presentes em Brasília que o
reconheceram como o legítimo presidente interino da Venezuela".
Os países que não reconhecem o presidente Nicolás Maduro alegam que sua
releição foi fraudulenta. Diante dese cenário, Guaidó, presidente da Assembleia
Nacional, se autoproclamou em 23 de janeiro como governante interino.
Os Estados Unidos submeterão a votação no Conselho de Segurança da ONU
nesta quinta-feira um projeto de resolução que exige eleições presidenciais na
Venezuela e entrada "sem exigências" da ajuda humanitária com
alimentos e remédios.
Contudo, o chanceler chavista Jorge Arreaza pediu nesta quarta-feira uma
reunião entre Maduro e Trump, mas o vice-presidente americano, Mike Pence,
rechaçou essa possibilidade.
"A única coisa para ser discutida com Maduro neste momento é a hora
e a data de sua saída", escreveu no Twitter Pence, acrescentando a hashtag
em espanhol #VenezuelaLibre".
Durante a semana, Guaidó reiterou que para derrotar Maduro todas as
opções deveriam estar sobre a mesa, uma posição que deixou em claro Pence
durante a reunião do Grupo de Lima.
"Creio que Guaidó esperava que se desse um espaço para deixar
implícito a Nicolás Maduro que a possibilidade era real",
acrescentou Rodríguez.
Volta a Caracas
Guaidó tem
insistido em regressar esta semana a Caracas para exercer suas
"funções", apesar da possibilidade de ser preso. Na segunda-feira, a
Colômbia denunciou "sérias e críveis ameaças" contra Guaidó e
responsabilizou o governo "usurpador" por isso.
Maduro disse
que Guaidó deverá responder diante da justiça por burlar a lei.
"Um
preso não ajuda ninguém, tão pouco um presidente exilado. Estamos numa zona
inédita (...) E minha função e meu dever é estar em Caracas apesar dos riscos,
apesar de todas as implicações", disse o opositor.
Seus
simpatizantes anunciaram que se mobilizarão para recebê-lo na próxima sexta na
capital venezolana. A cidade também será palco de manifestações de grupos leais
ao chavismo.
Contudo,
Guaidó não definiu a data de retorno e nem se voltará diretamente do Brasil.
Segundo
Rodríguez, Guaidó não tem como não retornar ao país para liderar a oposição.
"A
realidade é que muitos começam a sentir que o momento apropriado está passando,
e sabem se isso acontecer, não será fácil se livrar de Nicolás Maduro",
acrescentou Rodríguez.
Fronteiras
restringidas
Apesar de
não existir um alto risco de prisão para Guaidó, o líder opositor aposta que
Maduro se abstenha desta iniciativa num momento em que o país está sob a
atenção do mundo, avaliou o analista.
A Venezuela
está mergulhada em uma severa escassez de alimentos e remédios, que gerou o
êxodo de 2,7 milhões de pessoas para países da região desde o agravamento da
crise em 2015.
Para Maduro,
esta crise é consequência do bloqueio financeiro aplicado por Washington.
Também garante que o envio da ajuda humanitária patrocinada por Donald Trump
esconde um plano de intervenção militar na Venezuela.
A tentativa
de entrega no fim de semana de alimentos e remédios através das fronteiras com
o Brasil e Colômbia, fechadas do lado venezuelano, terminou em confrontos que
deixaram quatro mortos.
A Colômbia
reabriu seu lado da fronteira nesta quarta-feira, mas com restrições, devido
aos confrontos entre venezuelanos que tentam entrar no país e a Guarda Nacional
Bolivariana de Maduro.
As
autoridades migratórias indicam que 326 membros das forças armadas de Venezuela
que desertaram e foram para a Colômbia. (Via: AFP)
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