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sexta-feira, 1 de novembro de 2019

Bolsonaro impõe condição para nova concessão da Globo: ‘Pague tudo o que deve’


O presidente Jair Bolsonaro voltou a criticar a TV Globo na noite desta quinta-feira (31) pela reportagem sobre a investigação do assassinato da vereadora Marielle Franco (Psol) que citou seu nome. Bolsonaro disse que a emissora praticou um “jornalismo sujo” e prometeu implementar critérios mais duros para renovar a concessão do conglomerado de mídia em 2022.

Em live no Facebook, o presidente afirmou que não vai perseguir a Globo, mas que a empresa precisa quitar os débitos que possui para “não ter problema” na renovação.

“Pague tudo o que deve. Certidões negativas, tudo. Para não ter problema. Não vou passar a mão na cabeça de ninguém. Da Globo nem de ninguém. Vocês têm que tá em dia para renovar a concessão. Tô avisando antes para não dizer que estou perseguindo vocês”, declarou Bolsonaro na transmissão.

Bolsonaro também disse que a emissora não terá a “mordomia” do passado. E que a mesma não terá anúncios em estatais e bancos públicos. “O que vocês querem comigo vocês não vão ter […] Esse dinheiro público não é pra dar para vocês”, disse o presidente da República.

Durante a live, Bolsonaro também fez um “alerta” para as empresas que realizam anúncios na TV Globo. De acordo com o chefe do Executivo federal, grupos empresariais não devem patrocinar uma empresa que “esculacha a família brasileira”. Ele citou as novelas e os programas da tarde da emissora. “Eu teria vergonha”, completou.

Ataques a Witzel

Apontado pela revista Veja como o responsável por “vazar” provas do processo da morte de Marielle para a Globo, o governador do Rio de Janeiro, Wilson Witzel (PSC), voltou a ser criticado por Bolsonaro.

O presidente citou um trecho de reportagem da Veja para atacar Witzel. “O governador não escondia a euforia com os fatos revelados pelo Jornal Nacional”, leu o ex-deputado.

Segundo o pesselista, Witzel já havia lhe falado sobre a citação de seu nome nos autos do processo, que corre na Justiça do Rio. Bolsonaro disse que, em 9 de outubro, encontrou Witzel em Brasília e o governador o avisou que o inquérito iria para o STF (Supremo Tribunal Federal) pois o nome do presidente constava nele.

Bolsonaro afirmou que, ao questionar Witzel sobre como ele sabia disso, o governador teria respondido: “É reservado”.

Por último, o presidente disse que o ex-juiz só foi eleito governador porque “usou” seu nome na campanha. De acordo com Bolsonaro, Witzel era “1 ilustre desconhecido” antes das eleições de 2018.

Manchas de óleo no Nordeste

Ao lado do secretário de Pesca do governo, Jorge Seif, Bolsonaro disse que ainda não sabe qual a origem do óleo que atingiu mais de 200 locais no Nordeste. Contudo, disse que o vazamento é criminoso e que o material é advindo da Venezuela.

“Ainda não sabemos qual a origem do óleo nas praias. O entendimento é que é um derramamento criminoso. Fazem dois meses que o governo sabe disso e está investigando e ajudando na limpeza das praias juntos dos voluntários”, afirmou Bolsonaro.

“Já está mais que comprovado que o óleo é da Venezuela. Agora, talvez, seja por isso que a esquerda começa a me atacar como se eu fosse o responsável por isso, como se eu tivesse agido tarde. Eu só podia agir quando o óleo chegasse à praia, meu Deus do céu”, declarou o presidente. “Nós estamos realmente preocupados com Nordeste”, completou.

Seif falou sobre a decisão do governo federal de suspender a proibição da pesca nas praias da região – revogada posteriormente. O secretário afirmou que depois de vários testes, não foi comprovado nenhum sinal de contaminação de óleo. Disse ainda que nenhuma notificação foi feita ao Ministério da Saúde.

“O único registro são os das pessoas que estavam sujas de óleo e usaram tíner ou óleo diesel para retirar e foram contaminados. Então, pessoal, podem consumir pescado. Está 100% avaliado pelo Ministério da Agricultura. Lembrando que o peixe é um bicho inteligente. Quando ele vê a mancha de óleo ele foge, ele tem medo”, afirmou Jorge Seif.

Cancún brasileira e “ativismo ambiental”

Ao repercutir a viagem que fez à Ásia e ao Oriente Médio na última semana, Bolsonaro destacou a pauta ambiental. Além de comentar o apoio dos países que visitou (China, Arábia Saudita, Índia e Emirados Árabes) à soberania brasileira frente à Amazônia, o presidente também disse que nações estrangeiras estão dispostas a investir no setor no Brasil.

“Tem país que ofereceu 1 bilhão de dólares para fazer da Baía de Angra uma Cancún […] que fatura bilhões de dólares por ano com turismo. Nós podemos fazer a mesma coisa na Baía de Angra”, disse o mandatário brasileiro.

Segundo Bolsonaro, a intenção é tornar o local, no Rio de Janeiro, o maior centro turístico da América do Sul. Ele afirmou que a exploração do local criará empregos e valorizará a região do Vale do Mambucaba, onde possui uma casa.

Por outro lado, o pesselista criticou o que ele chama de “ativismo ambiental” que na avaliação dele, “contaminou” o país.

Bolsonaro reclamou do fato de que é necessário a aprovação de um Projeto de Lei para derrubar o decreto que demarca a Estação Ecológica de Tamoios e protege a Baía de Angra.

“O que revoga um decreto ambiental é uma lei. Pretendo nos próximos dias apresentar o projeto para revogar – com a justificativa do pra quê nós queremos revogar, fazer o maior centro turístico da América do Sul lá […]– o decreto que demarcou a Estação Ecológica de Tamoios.”

O presidente afirmou que o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ) é muito simpático à ideia. “Só faltou botar a aliança na mão esquerda”, disse Bolsonaro.

Sobre a demarcação de terras indígenas, Bolsonaro falou que a prática impede tribos indígenas de explorar a terra em que vivem. Ele criticou o cacique Raoni, representante indígena no país. De acordo com o presidente, cada tribo tem seu cacique e “raramente” um responde por várias. “[Raoni] não tem o monopólio dos interesses dos índios”, afirmou.

Com um gesto de deboche em referência ao adereço indígena que Raoni usa no lábio inferior, Bolsonaro declarou ainda que o cacique fala francês “melhor que qualquer um”, ironizando encontros entre o líder indígena e o presidente francês, Emmanuel Macron, com quem Bolsonaro teve desentendimentos recentes. Com informações do Portal Poder360.

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