O ministro da Economia, Paulo Guedes, afirmou nesta segunda-feira (25)
que, se fosse o presidente da Petrobras e a empresa fosse privada, demitiria os
funcionários que entraram em greve nesta semana.
Segundo o ministro, é "imprudente" que pessoas usem do mecanismo de
greve para conseguir benefícios em uma empresa como a Petrobras e que esses
trabalhadores deveriam ter evitado e protestado contra o esquema de corrupção
que, na sua avaliação, destruiu a estatal.
"Todos os sinais [econômicos] melhorando e greve na Petrobras. Só
porque melhorou, querem greve? É empresa pública ou privada? É Estado e Bolsa.
Uma greve importante, demite as pessoas e contrata outras pessoas que queiram
trabalhar. Estou surpreso. Se eu fosse presidente de uma empresa... tem coisas
que eu não quero falar."
"Você tem excelentes salários [na estatal], bons benefícios, você
tem quase estabilidade de emprego e tenta usar o poder político para tentar
extrair aumento de salário no momento em que há desemprego em massa? Se fosse
uma empresa privada e eu fosse o presidente de uma empresa privada, eu sei o
que eu faria."
Em seguida, acrescentou que o governo brasileiro não estuda demissões
nem privatização da estatal e que estava dando sua opinião como economista. No
entanto, repetiu, quando questionado, que demitiria os grevistas. "Eu
estou dizendo o que eu faria, mas não tenho nada a ver com a Petrobras. Estou
dizendo que, se estou [na presidência] de uma empresa que está na Bolsa, é privada,
foi destruída e, agora que começa a melhorar, fazem greve para extrair ganhos
só pela pressão? Num país que tem milhões de desempregados, você tem empresa
quase com estabilidade de emprego, eu demitiria [os grevistas]", afirmou o
ministro em Washington.
O presidente da Petrobras, Roberto Castello Branco, acompanharia Guedes
em sua viagem à capital americana para uma reunião do Fórum de Altos Executivos
Brasil-EUA, mas acabou não viajando aos EUA.
Apesar de liminar contra a realização de greve, petroleiros de bases
ligadas à FUP (Federação Única dos Petroleiros) pararam nesta segunda em
protesto contra demissões e transferências de empregados. A mobilização levou o
ministro do TST (Tribunal Superior do Trabalho) a multar e bloquear contas de
sindicatos.
A greve foi anunciada na semana passada e envolve 12 dos 13 sindicatos
filiados à FUP. A entidade alega que a Petrobras descumpre acordo coletivo de
trabalho ao promover programas de demissão incentivada e transferir empregados
em negociação prévia com os sindicatos.
Na avaliação de Guedes, porém, os funcionários querem usar de pressão
para desfrutar dos "lucros extraordinários, um dos maiores dos últimos
anos" da estatal. "E voltam-se ao mecanismo de sempre: vamos fazer
uma greve para pegar um pouco desse dinheiro para nós." "Não sei o
que houve com os salários deles [nos últimos anos], mas sei que a Petrobras foi
destruída. Eles estavam trabalhando lá, deviam ter evitado a destruição da
Petrobras."
Questionado sobre o baixo poder de influência de funcionários que não
faziam parte da diretoria da empresa – o esquema de pagamento e recebimento de
propina funcionava entre agentes públicos e privados– Guedes respondeu que
"eles estavam trabalhando lá e deviam ter evitado a destruição da
Petrobras."
"Se você é um bom funcionário, você luta pelas coisas certas. Por
que não houve uma greve para impedir o assalto?" (Via: Agência Brasil)
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