Após mais de três meses do início
da pandemia da covid-19 no país, o governo anunciou uma nova linha de
financiamento a micro e pequenas empresas, categoria que vem enfrentando uma
série de burocracias e outras dificuldades para acesso ao crédito. Na análise
da Federação Nacional das Associações do Pessoal da Caixa Econômica Federal
(Fenae), o Executivo segue promovendo medidas ineficazes de enfrentamento à
crise, sem organização e planejamento.
“A liberação do crédito é positiva; mas, chega atrasada para quem está há
meses tentando sobreviver aos efeitos da pandemia”, afirma o presidente da
Fenae, Sérgio Takemoto, ao observar que os financiamentos oferecidos pelo
governo ainda não alcançaram efetivamente o setor produtivo. “Além de ser
fundamental para socorrer os pequenos empresários, o crédito também é um
estímulo aos municípios que precisam de investimento para movimentar a
economia”, acrescenta Takemoto.
De acordo com o levantamento “O impacto da pandemia do coronavírus nos
pequenos negócios”, realizado pelo Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e
Pequenas Empresas (Sebrae) no último mês de abril, 62% dos negócios
interromperam temporariamente as atividades ou fecharam as portas
definitivamente. Os dados revelaram ainda que seis em cada dez donos de
pequenos negócios que buscaram crédito no sistema financeiro, desde o início da
crise, tiveram o pedido negado.
BUROCRACIA
Por meio do chamado “Pronampe” — Programa de Apoio às Microempresas e
Empresas de Pequeno Porte — a Caixa Econômica pretende liberar R$ 3 bilhões
para o segmento. “O governo já havia disponibilizado verba para socorrer este
público. Mas, infelizmente o dinheiro não chegou porque há uma grande exigência
de garantias e análise de crédito. Tudo isso dificultou o acesso das empresas
que tanto necessitam de financiamento”, critica o presidente da Fenae.
Sérgio Takemoto também ressalta que pequenos e até médios empresários
“passam por um sufoco muito grande” e não estão conseguindo honrar compromissos
e dívidas. “É fundamental que não haja tanta burocracia e o dinheiro chegue com
taxas de juros acessíveis. Esse é o papel da Caixa, de um banco público”,
completa.
Dados divulgados pela Caixa Econômica apontam que o banco contratou R$
2,46 bilhões em linhas de crédito para micro e pequenas empresas, no último mês
de maio. Em abril, foi apenas R$ 1,16 bilhão em financiamentos para este setor.
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