O
terreno acidentado na zona rural de Boa Vista do Tupim (BA), na Chapada
Diamantina, a 352 km de Salvador, não é empecilho para o trabalho da enfermeira
Monaliza Oliveira, 31, que tem contado com os equídeos como aliados na
prevenção ao novo coronavírus pelos grotões do município.
De acordo com o mais recente
boletim da Secretaria da Saúde do Estado da Bahia, divulgado nesta terça-feira
(16), Boa Vista do Tupim havia registrado apenas 4 casos confirmados em meio a
uma população de mais de pouco mais de 18 mil habitantes.
No lombo de um jegue, cavalo ou mula, a profissional de saúde consegue
chegar aos cantos mais remotos do município, sem o risco de ficar presa nos
atoleiros durante a temporada chuvosa, como às vezes acontece com alguns
colegas quando utilizam os veículos da prefeitura local.
Enfermeira há oito anos, Monaliza
se desloca por quase uma hora de carro, desde o posto de saúde da família onde
trabalha na sede do município, para realizar trabalhos preventivos no
assentamento Aliança e na comunidade Trezentas, onde recorre aos transportes
alternativos.
"A gestão municipal oferta veículos aos profissionais de saúde, mas
os carros só chegam até certo ponto. Então, para dinamizar o atendimento, seja
para aplicar uma vacina ou entregar kits com equipamentos de proteção contra o
coronavírus, recorro a meios alternativos", afirma a enfermeira.
O pacote organizado pela prefeitura contém máscaras reutilizáveis, além de
álcool em gel para higienizar as mãos. "Os kits são acompanhados de
orientações sobre como lavar as máscaras adequadamente e como se comportar
nesse momento de pandemia", diz.
A habilidade de montar equinos vem desde os tempos de infância, quando
saía do sítio da avó paterna para ir à feira na cidade, distante 4 km. Nas
redes sociais, a enfermeira também costuma postar fotos no lombo dos equídeos.
Segundo conta, o meio de transporte animal é comum tanto na sede do
município quanto na zona rural, mas o que chama atenção dos moradores, frisa, é
o fato de uma profissional de saúde utilizar esse recurso para atender aos
pacientes.
"É uma opção minha, pois tem muito a ver com meu próprio jeito de
ser, de garota criada no interior", afirma. "No trabalho, quando não
uso o animal, pego carona de moto com algum colega ou vou a pé mesmo, para
agilizar o atendimento onde o carro não chega."
A cada visita às comunidades, Monaliza costuma posar para fotos com os
moradores da roça, nome comumente utilizado para descrever as localidades que
ficam afastadas do perímetro urbano das sedes dos municípios na Bahia.
"Para os moradores, é comum ver pessoas montadas em jegues. A
surpresa é ver uma enfermeira se propor a isso ou andar numa moto ou ir a pé
com uma caixa de vacina na cabeça, para realizar um trabalho pelo qual sou
apaixonada", afirma.
A inspiração para exercer a profissão veio da mãe, enfermeira aposentada
após 35 anos de serviço, que também influenciou mais uma filha a atuar na área
de saúde. No total, Monaliza conta que tem quatro irmãos, somados aqueles por
parte de pai.
"Minha mãe trabalhou muito, aqui mesmo em Boa Vista do Tupim, mas a
gente se mudou para Feira de Santana (segunda maior cidade do estado), porque
ela queria me proporcionar uma educação melhor. Lá, me formei e retornei para
trabalhar aqui no município." (Via: Folhapress)
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