O governo dos Estados Unidos executou, nesta quarta-feira (13), a assassina condenada Lisa Montgomery, 52, a única mulher no corredor da morte federal e a primeira prisioneira a receber a pena capital desde 1953.
Depois de uma disputa judicial em que a defesa de Montgomery pedia a anulação da sentença sob o argumento de que ela tinha uma doença mental, a Suprema Corte dos EUA decidiu anular a suspensão da execução concedida por instâncias inferiores da Justiça americana.
A mulher foi morta às 1h31 desta quarta (3h31 no horário de Brasília) depois de receber uma injeção letal de pentobarbital na câmara de execução do Departamento de Justiça em uma prisão na cidade de Terre Haute, em Indiana.
Montgomery foi condenada em 2007 por sequestrar e assassinar, três anos antes, uma gestante para roubar o feto. Antes de cometer o crime, ela disse a outras pessoas, incluindo seu marido, que estava grávida, apesar de ser infértil na época, segundo afirmou o Departamento de Justiça em documento apresentado ao tribunal.
Usando o codinome Darlene Fischer, entrou em contato com a criadora de cachorros Bobbie Jo Stinnett, 23, grávida de oito meses à época, e se disse interessada em comprar um filhote. Quando foi ao canil, Montgomery estrangulou Stinnett, extraiu o feto e fugiu com ele. A criança sobreviveu.
Montgomery foi persuadida por investigadores a admitir a culpa pelo crime, mas, segundo eles, nunca demonstrou nenhum arrependimento.
Familiares de Stinnett viajaram para testemunhar a execução. Questionada se gostaria de dizer alguma última palavra antes de receber a injeção letal, Montgomery respondeu com voz baixa e abafada: "Não", de acordo com um jornalista que serviu como testemunha da execução.
Para a advogada de Montgomery, Kelley Henry, o cumprimento da pena de morte foi um "exercício vicioso, ilegal e desnecessário de poder autoritário". Em decisões anteriores, a Suprema Corte já considerou que executar uma pessoa classificada como insana é inconstitucional.
"Ninguém pode contestar com credibilidade a doença mental debilitante da sra. Montgomery —diagnosticada e tratada pela primeira vez pelos próprios médicos do Bureau of Prisons [órgão federal que administra o sistema penitenciário americano]", disse Henry em um comunicado.
A defesa de Montgomery pediu a clemência do presidente Donald Trump na semana passada, dizendo que ela cometeu seu crime depois de uma infância em que foi abusada e repetidamente estuprada por seu padrasto e por amigos dele. Os advogados não contestaram a culpa, mas pediram que a pena de morte fosse revertida para prisão perpétua.
A defesa argumentou que o presidente tinha “o poder de mandar uma mensagem a milhares de mulheres vítimas de estupro e tráfico infantil, mostrando que sua dor tem importância, que elas têm importância, que suas vidas têm valor”.
Entidades como a União Americana pelas Liberdades Civis (ACLU) também se opuseram aos planos do governo de executar Montgomery, alegando que a vida da condenada foi "marcada por um trauma impensável que resultou em dano cerebral documentado e doença mental".
De acordo com relatos de familiares e advogados de Montgomery, ela foi exposta, desde a primeira infância a castigos físicos e abusos sexuais recorrentes. Uma psicóloga clínica disse em declaração ao tribunal apresentada pela equipe de defesa que a mãe de Montgomery exigia que ela “pagasse as contas”, fazendo sexo com técnicos, encanadores e outros funcionários de manutenção.
As execuções federais foram suspensas por 17 anos, e apenas três homens foram executados pelo governo desde 1963 até a prática ser retomada no ano passado sob a administração Trump, cujo apoio declarado à pena capital é muito anterior à sua entrada na política.
Montgomery foi a primeira pessoa a ser executada neste ano e a 11ª no governo Trump. Os outros dez condenados no ano passado fizeram com que o governo federal, pela primeira vez, conduzisse mais execuções do que todos os 50 estados americanos juntos, de acordo com um dados compilados pelo Centro de Informações sobre Pena de Morte.
Outras três sentenças devem ser cumpridas antes do fim do mandato de Trump —que deve deixar a Casa Branca no próximo dia 20.
Uma juíza federal de Washington, entretanto, adiou, pelo menos por enquanto, duas execuções que estavam agendadas para quinta (14) e sexta-feira (15) para permitir que os dois condenados por assassinato se recuperem da Covid-19.
Corey Johnson, 52, foi condenado pelo assassinato de sete pessoas na Virgínia em 1992, quando fazia parte de uma quadrilha de tráfico de drogas. Dustin Higgs, 48, foi condenado como cúmplice no sequestro e assassinato de três mulheres em Maryland, em 1996. (Via: Folhapress)
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