Em tempos de coronavírus, qualquer tosse, espirro ou dor de cabeça se tornam automaticamente um alerta para Covid-19. A chegada de tempos mais frios, no entanto, aumenta a circulação de vírus causadores de gripes e resfriados, quadros cujos sintomas podem ser facilmente confundidos com a doença que vem sobrecarregando o sistema de saúde brasileiro.
Resfriado, gripe e Covid-19 são doenças se caracterizam por uma infecção do trato respiratório, mas possuem diferentes agentes causadores. O SARS-CoV-2, da família dos coronavírus, é o responsável pela Covid-19, enquanto os vírus influenza causam os quadros de gripe.
Diferentes cepas (tipos) de vírus influenza
circulam ano a ano. "O influenza que afeta o ser humano é do tipo A e B,
sendo que dentro do A, há o influenza A, que foi o que causou a pandemia
de 2009", explica Daniel Wagner, infectologista do Hospital Santa Catarina.
O resfriado, por sua vez, pode ser causado por
diferentes vírus, sendo que o mais comum deles é o rinovírus. "Todos
afetam o trato respiratório, mas alguns deles podem gerar doenças
multissistêmicas. Sabemos que a Covid-19, embora seja rotulada como doença
respiratória, é uma doença multissistêmica, com envolvimento de vários
órgãos", complementa Wagner. Segundo o médico, a gripe também pode ser
multissistêmica em casos mais graves, ainda que o quadro respiratório seja
dominante.
"Já o resfriado comum é uma doença cujos
sintomas são tipicamente respiratórios e de vias aéreas superiores, como
coriza, obstrução nasal, dor de garganta, às vezes uma tosse seca e, na pior
das hipóteses, um mal estar geral", diz o infectologista.
Os sintomas de resfriado ficam restritos ao nariz
e a faringe, o que é um ponto importante na diferenciação dos quadros
respiratórios. Espirros, nariz entupido e coriza são extremamente comuns nos
resfriados, enquanto aparecem com menor frequência na gripe e na Covid-19.
Febre, cansaço e tosse, por sua vez, são sintomas
mais presentes na gripe e na Covid-19. O risco maior de falta de ar se encontra
no quadro causado pelo coronavírus, já que significa que os pulmões estão
comprometidos.
A falta de olfato e paladar é um dos sintomas que
permite identificar a Covid-19 mais facilmente, já que é muito marcante e raro
nos quadros de gripe e resfriado. No entanto, no geral, os sinais são extremamente
parecidos.
"Em tempos onde a gente tem muito SARS-CoV- 2
circulando, com uma variante de alta transmissão, todo sintoma respiratório,
mesmo que leve, deve ser considerado e investigado como suspeita de Covid,
exigindo isolamento da pessoa que está com sintomas e de seus contatos",
explica Raquel Stucchi, infectologista da Unicamp e consultora da Sociedade
Brasileira de Infectologia.
A médica reforça a importância da utilização de
máscaras bem confeccionadas no combate à Covid-19 e do isolamento em caso de
sintomas respiratórios. "Mesmo os vacinados devem continuar seguindo as
instruções", complementa.
Vacina contra a gripe é essencial em tempos de
pandemia A 23° Campanha Nacional de Vacinação contra a Influenza começou no dia
12 de abril e vai até 9 de julho. Médicos reforçam a importância da vacina
contra a gripe como um recurso para evitar adoecimentos que levam à sobrecarga
do sistema de saúde, além dos quadros que podem ser confundidos com o da
Covid-19.
"Tomamos a vacina nesse período de campanha
em abril para que, no período de maior circulação viral, que são os períodos
mais frios, a gente tenha proteção suficiente", explica Daniel Wagner,
infectologista do Hospital Santa Catarina.
A rede pública oferecerá doses da vacina influenza
trivalente, produzida pelo Instituto Butantan, para imunização do público-alvo
da campanha, que inclui gestantes, crianças, trabalhadores da saúde,
professores, idosos, povos indígenas, entre outros. A vacina trivalente fornece
proteção contra dois vírus do tipo influenza A e um influenza do tipo B.
"A proteção da vacina da gripe é de 9 a 12
meses, então, esse é um dos motivos pelos quais temos que nos vacinar todo ano.
Outro motivo é que a vacina da gripe é feita de acordo com os vírus que estão
circulando. Logo, a composição da vacina muda de um ano para o outro", diz
Raquel Stucchi, infectologista da Unicamp e consultora da Sociedade Brasileira
de Infectologia.
No caso de coincidência do cronograma de vacinação
contra a gripe e contra a Covid-19, médicos aconselham que se priorize a vacina
da Covid-19. A recomendação é de que haja um intervalo mínimo de 14 dias entre
as duas vacinas.
Saiba Mais
O resfriado, a gripe e a Covid-19
são três doenças que causam infecção do trato respiratório e que se assemelham
muito nos sinais e sintomas.
Resfriado: causado
por vários vírus, sendo o mais comum deles o rinovírus.
Principais sintomas:
Coriza
Obstrução nasal (nariz enrupido)
Espirros
Tosse seca
Dor de garganta
Mal estar
Gripe: causada
pelo vírus influenza (tipo A e tipo B são os responsáveis por epidemias
sazonais).
Principais sintomas:
Febre
Dor de garganta
Tosse
Dor no corpo
Dor de cabeça
Mal estar
Covid-19: causada
pelo vírus SARS-CoV-2.
Principais sintomas:
Tosse
Dor de garganta
Perda de olfato e paladar
Febre
Diarreia
Dor no corpo
Dor de cabeça
Fadiga/cansaço
Falta de ar
Mal estar
No atual momento da pandemia,
qualquer sintoma de resfriado ou gripe é considerado suspeita de COVID-19 e o
paciente deve ficar imediatamente em isolamento, procurando atendimento médico
por consulta presencial ou por teleconsulta.
Vacinação contra a gripe
Por que é preciso se vacinar todo ano contra a gripe? Como os vírus da gripe
têm diferentes mutações e varientes, é necessário o desenvolvimento a cada ano
de novas vacinas específicas para a cepa (tipo) do vírus que está circulando.
Há dois tipos de vacina contra a
gripe oferecidos:
Trivalente: protege contra dois vírus do tipo influenza A e um influenza do
tipo B e está disponível na rede pública e particular de saúde.
Quadrivalente: protege contra dois vírus do tipo influenza A e dois influenza
do tipo B e está disponível somente na rede particular.
O vírus influenza B tem menor circulação do que o A e a proteção oferecida por
ambas as vacinas é válida. Caso haja coincidência do cronograma de vacinação
contra a gripe e da Covid-19, é aconselhado que se priorize a vacina da
Covid-19. É recomendado que haja um intervalo mínimo de 14 dias entre as duas
vacinas.
Para pessoas que tiveram Covid-19, a recomendação é aguardar cerca de um mês
após o início dos sintomas (ou o resultado de PCR positivo, em casos
assintomáticos) para tomar a vacina da gripe.
Fontes: Daniel Wagner, infectologista
do Hospital Santa Catarina; Raquel Stucchi, infectologista, professora da
Unicamp e consultora da Sociedade Brasileira de Infectologia; Organização
Mundial da Saúde; Ministério da Saúde. (Via: Folhapress)
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