A diretora-geral adjunta da Organização Mundial de Saúde (OMS), Mariângela Simão, afirmou à RFI que uma nova pandemia é “inevitável” e a questão é “quando ela vai ocorrer”.
“Essa pandemia, depois da gripe espanhola, foi a
mais impactante e é também uma constatação. Acho que o mundo precisa acordar,
porque a gente vê que não foram apenas os países em desenvolvimento que foram
afetados. Afetou o mundo todo, ninguém estava preparado”,
declarou.
Simão
anunciou que a OMS realizará uma Assembleia Mundial de Saúde, em novembro, para
discutir a possibilidade de desenvolver um “tratado para pandemias”. O objetivo
da iniciativa consiste em reforçar o papel da organização em eventual situação
de emergência de interesse público e criar “uma série de formalidades que os
países e o setor privado têm que tomar no caso de uma emergência, como uma
pandemia”.
Questões referentes à atual crise sanitária,
como a preocupação com as variantes e a cobertura vacinal, também serão
discutidas nessa assembleia.
Sobre a vacinação de adolescentes, a diretora
da OMS ressalta que apenas a Pfizer tem recomendação para utilização na
população de 12 a 15 anos. “Mas a OMS faz a ressalva de que o imunizante deve ser priorizado para adolescentes
portadores de comorbidades. No entanto, para a população de adolescentes em
geral, a vacina para este grupo deve ser administrada após a cobertura de todos
os outros grupos prioritários. Essa é a orientação para os países que ainda não
atingiram uma cobertura mais alta na população de adultos”, frisa.
A representante da entidade ressalta que ainda não há
imunizantes aprovados para pessoas na faixa etária inferior a 12 anos. “Não há
ainda fórmulas aprovadas para crianças, então não pode ter uma política
nacional usando vacinas que não foram aprovadas para idade abaixo de 12 anos”,
afirma.
Na
entrevista, a diretora-geral adjunta também comentou a possibilidade de a
vacina contra a Covid-19 entrar em protocolo anual. “É possível
que isso ocorra. Esse é o comportamento desse tipo de vírus, da família dos
coronavírus, de se tornarem endêmico. O importante
é ter sempre em mente que o mais importante é evitar que as pessoas mais
suscetíveis morram por conta desse vírus e que a economia pare, como parou.”
Simão ainda alertou que não há tratamentos preventivos ou que
possam ser usados em casos leves da Covid-19. A diretora-geral adjunta
ressaltou que, até o momento, a betametazona, os bloqueadores da L6 e o
coquetel do Regeneron foram os únicos fármacos recomendados pela OMS. “Essas medicações são caras e de baixa disponibilidade, e elas têm o
objetivo de impedir morte. Elas são utilizadas em ambiente
hospitalar”, pontua.
“Esse é o
objetivo básico, trabalhar com a indústria farmacêutica para que os países
tenham acesso a preços sustentáveis para poder dar acesso aos seus pacientes”,
diz a diretora. “A expectativa é que a gente vai ter nesses primeiros seis
meses de produção uma disponibilidade ainda difícil desses produtos e um preço
alto. Essa é uma conversa que está ocorrendo nesse momento com a Roche”,
explica.
Por fim,
Simão afirma que os Estados Unidos se comprometeram a doar 500 milhões de doses
da Pfizer, no ano que vem, pelo Covax Facility. “Então, a França e vários
outros países estão doando, o que é muito bem-vindo. Não resolve todo o
problema, mas é muito bem-vindo que países que
têm condições e que já atingiram coberturas vacinais maiores estejam
contribuindo para uma maior equidade da cobertura global“,
finaliza. (Via: Metrópoles)
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