A polícia paraguaia suspeita que o atentado que matou quatro pessoas na cidade de Pedro Juan Caballero, no Paraguai, na fronteira com o Brasil, seja um acerto de contas do PCC (Primeiro Comando da Capital).
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Paraguai e encontrado com recado: 'não roubar na fronteira'
A suspeita é de que os assassinos tivessem como
alvo Osmar Vicente Álvarez Grance, 32, conhecido como Bebeto, que também foi
morto. Três mulheres foram mortas também: Hayllee Carolina Acevedo Yunis, filha
do governador do estado paraguaio de Amambay, e as brasileiras Rhannya Jamilly
Borges de Oliveira e Kalline Reinoso de Oliveira.
A polícia apura a suspeita de que Bebeto teria
sido morto devido ao suposto envolvimento na prisão de 14 criminosos do PCC em
uma lavanderia no dia 23 de março. Os membros da facção, por essa versão,
suspeitariam que o homem possa ter dado informações à polícia que resultaram na
operação. Também são apurados relatos de que a vítima do atentado se portava de
modo que desagradava os criminosos e teria dívidas.
No entanto, as mortes das três jovens que
acompanhavam Bebeto teriam gerado indignação em outros grupos criminosos, que
ameaçam agir em represália à situação. Elas são estudantes de medicina e não
teriam relação com o motivo do crime.
Uma carta enviada por supostos criminosos de
outras organizações citou suspeitas de que Bebeto se passaria por pessoa
poderosa e que as três jovens foram mortas injustamente apenas por estarem em
sua companhia. Essa mesma carta de organizações justiceiras cobrou a prisão dos
assassinos em 48 horas, caso contrário, um grupo de 3.000 homens, integramtes
dessas organizações, iria agir.
Na noite de domingo, a polícia encontrou um
carro incinerado que pode ter sido usado no crime. No dia seguinte, foi feita a
prisão de seis suspeitos. Segundo os dados divulgados, são seis brasileiros:
Hywulysson Foresto, Juares Alvers da Silva, Luis Fernando Armani Silva e
Simões, Gabriel Veiga de Souza, Farley José Cisto da Silva Leite Carrijo e
Douglas Ribeiro Gomes.
Os homens foram presos em uma casa no bairro de
Cerro Cora'i, em Pedro Juan Caballero. No local, também foram apreendidos três
veículos, documentos de carros, celulares, joias e substância parecida com
maconha. Eles deveriam ser transferidos para Assunção.
As mortes se somam a outras que vêm sendo
registradas na região. No final de setembro, por exemplo, o corpo de um
brasileiro decapitado foi encontrado em Pedro Juan Caballero, a apenas cinco
quilômetros da fronteira com Mato Grosso do Sul.
Neste final de semana, o primeiro assassinato
ocorreu no lado brasileiro da fronteira, em Ponta Porã, na tarde de
sexta-feira. A vítima foi o vereador local Farid Afif (DEM), 37, assassinado a
tiros de pistola enquanto andava de bicicleta. Conforme a Polícia Civil, o
autor dos disparos estava em uma moto.
Horas antes do crime, o vereador, que estava em
seu segundo mandato e foi o nono mais votado entre os 17 eleitos em 2020, com
964 votos, publicou um vídeo em suas redes sociais em que aparece com a
bicicleta.
Na gravação, Afif relatou que estava em
deslocamento para acompanhar atendimentos prestados à população da cidade de
Mato Grosso do Sul. A fronteira do Brasil com o Paraguai vive sob forte
instabilidade, com confrontos do PCC com outros grupos criminosos, alguns dos
quais se denominam justiceiros.
Em 2016, o PCC tomou o controle daquela região
com o assassinato do antigo "rei da fronteira", Jorge Rafaat. Com
isso a facção tem acesso a um corredor de exportação para escoar a droga vinda
de países vizinhos. Com isso, se acirrou a disputa entre o PCC e o Comando
Vermelho pelo tráfico de drogas.
Em 2019, o homem considerado como novo chefe do
PCC na fronteira, Sérgio de Arruda Quintiliano Neto, conhecido como Minotauro
foi preso pela Polícia Federal (PF), em Balneário Camboriú (SC).
PCC E O PARAGUAI
Agosto de 2016 - O traficante Jorge Rafaat
Toumani, 56, é morto a tiros, no centro de Pedro Juan Caballero, cidade
paraguaia onde morava, em execução planejada pelo PCC. Um traficante que
abastecia o PCC e Comando Vermelho, Jarvis Chimenes Pavão, tomou o controle da
região
Abril de 2017 - Criminosos invadiram a sede da
transportadora de valores Prosegur em Ciudad del Este, próxima à fronteira com
o Brasil, e roubaram cerca de US$ 40 milhões. Crime foi atribuído ao PCC
Dezembro de 2017 - O narcotraficante brasileiro
Jarvis Chimenes Pavão, 49, foi extraditado do Paraguai para cumprir pena de 17
e nove meses no Brasil
Julho de 2018 - O brasileiro Eduardo Aparecido
de Almeida, 39, considerado o chefe regional do PCC, no Paraguai e Bolívia, é
preso em Assunção, capital paraguaia
Novembro de 2018 - O Paraguai expulsa do país o
traficante Marcelo Piloto, apontado como um dos líderes do CV, e o também
traficante Rovilho Alekis Barboza, conhecido como Bilão, e integrante da facção
criminosa PCC
Fevereiro de 2019 - Considerado pelas
autoridades policiais como o chefe do PCC na fronteira do Brasil com o
Paraguai, Sérgio de Arruda Quintiliano Neto, conhecido como Minotauro é preso
pela Polícia Federal em Balneário Camboriú (SC)
Abril de 2019 - A Polícia Federal apreendeu
cerca de meia tonelada de cocaína no momento em que um helicóptero, que
transportava a droga, havia pousado para reabastecer na zona rural de
Presidente Prudente (558 km de SP). A organização criminosa que usava o helicóptero
buscava a droga no Paraguai
Dezembro de 2019 - Sob o argumento de que há
"níveis críticos de violência" e ações da facção criminosa PCC na
região, o Ministério Público Federal decidiu fechar o seu prédio em Ponta Porã
(MS), na fronteira do Brasil com o Paraguai, e transferir suas atividades para
a cidade de Dourados (MS), a 120 km de distância
Janeiro de 2020 - Setenta e cinco presos, a maioria membros do PCC fugiram de uma prisão em Pedro Juan Caballero, no Paraguai. (Via: Folhapress)
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