Um triângulo amoroso teria sido a motivação de parte dos assassinatos ocorridos nos últimos dias na fronteira entre Brasil e Paraguai. Ontem, uma operação policial na Penitenciária de Pedro Juan Caballero, no país vizinho, flagrou o traficante Faustino Román Aguayo Cabañas, de 44 anos, em uma cela cercada de luxos, acompanhado de sua namorada, Mirna Keldryn Romero Lesme, de 22. As informações são do jornal O Globo.
Lesme foi casada com um ex-agente federal paraguaio morto em dezembro do ano passado e teria namorado também Osmar Vicente Álvarez Grande, de 32, conhecido como “Bebeto” e assassinado no sábado junto com três mulheres — duas delas brasileiras.
A operação que revelou a cela privilegiada aconteceu um dia após o anúncio de uma força-tarefa com investigadores brasileiros e paraguaios para investigar crimes que culminaram na morte de, pelo menos, oito pessoas na fronteira, desde sexta-feira (8). Cabañas, preso desde maio acusado de chefiar uma ação criminosa que movimentou, ao menos, três toneladas de drogas em 2019, é suspeito de ser o mandante da chacina do fim de semana. A ligação dele com os outros quatro homicídios não foi confirmada.
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Segundo a reportagem, desde o dia do crime, autoridades paraguaias avaliam que o principal alvo da ação de sábado era “Bebeto”, morto com 31 tiros ao sair de uma casa noturna. Inicialmente, foi cogitada a hipótese de que ele devia dinheiro para a gangue de Cabañas. A presença de Mirna na cela do traficante, porém, levantou a possibilidade de que uma intriga amorosa também possa ter tido influência no caso.
Lavanderia
De acordo com a matéria, Bebeto seria dono de uma lavanderia em Pedro Juan Caballero, onde uma operação conjunta das polícias de Brasil e Paraguai prendeu, em março, 14 supostos integrantes de uma facção criminosa paulista. Um dos presos na ocasião foi Weslley Neres dos Santos, 35, o "Bebezão", que seria um dos líderes do grupo na fronteira dos dois países. Pedro Juan Caballero, no Paraguai, e Ponta Porã, no Mato Grosso do Sul, seriam “cidades-gêmeas” por formarem uma das maiores conurbações — quando ficam difusos os limites entre duas cidades — da América Latina.
Ao jornal, um chefe da Polícia Rodoviária Federal na região de Ponta Porã (MS) relatou que Bebeto, em fuga, passou alguns meses na Bolívia. O comportamento fez com que suspeitassem que poderia estar passando informações para policiais. Ele teria voltado recentemente à região de Pedro Juan Caballero para trabalhar no tráfico.
No dia em que foi alvo de uma emboscada, Bebeto estava acompanhado de Haylee Carolina Acevedo Yunis, de 20 anos, apontada pela imprensa paraguaia como sua namorada. Pai da jovem, o governador do departamento de Amambay (estado onde está localizada Pedro Juan Caballero), Ronald Acevedo, disse ontem ao jornal paraguaio ABC Color que o criminoso era apenas amigo de sua filha.
As outras duas vítimas da chacina foram as estudantes de medicina brasileiras Kaline Reinoso de Oliveira, de 21 anos, e Rhamye Jamilly Borges de Oliveira, de 19. Foram disparados mais de 100 tiros de fuzil em direção ao grupo, que estava numa camionete branca e teria acabado de sair de uma boate.
O governo Paraguaio anunciou que fecharia a penitenciária. A ministra da Justiça, Cecilia Pérez, informou que o presídio não receberá mais novos internos e que todos os presos do crime organizado serão transferidos. O governo também se comprometeu a investigar como agentes públicos permitiram que Cabañas transformasse obtivesse os privilégios na cela.
Mirna, que pode ter sido pivô de uma disputa que culminou com a chacina, já foi casada com um ex-agente da Secretaria Nacional Antidrogas (Senad) do Paraguai. Rodriguez foi executado a tiros em Pedro Juan Caballero. As circunstâncias do homicídio nunca foram esclarecidas pela polícia. Rodriguez havia pedido demissão da Senad após suspeita de envolvimento com a facção paulista.
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