Seis estudantes de medicina que foram expulsos da Unisa (Universidade de Santo Amaro), em São Paulo, apresentaram recursos para que a instituição suspenda a medida e os reintegre imediatamente às salas de aula. A decisão da universidade acontece após a repercussão de vídeos em que um grupo deles aparece nu e até simulam masturbação coletiva durante jogos.
De acordo com a colunista Mônica Bergamo, do jornal Folha de São Paulo, os advogados dos alunos afirmam que eles não tiveram o direito de se defender, e pedem que sejam ouvidos. Sustentam ainda que o retorno imediato ao curso é imprescindível, já que o prejuízo aos estudantes, ainda que futuramente inocentados, será irrecuperável.
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Estudante expulso questiona
Um dos estudantes que questiona a punição tem 19 anos e entrou na faculdade em fevereiro. "Ele está atordoado, arrasado e só chora. Estudou anos e anos para realizar o sonho de estudar medicina, e acontece essa tragédia", afirma o advogado Renato Franco de Campos.
Segundo o defensor, o jovem não teria participado das brincadeiras, e as imagens provariam isso. Campos afirma, no entanto, que o caso de todos os estudantes, mesmo dos que eventualmente participaram dos atos, deve ser tratado sob o prisma educativo.
"Eles são jovens que entram numa faculdade e recebem aquela situação [de brincadeiras em que ficam nus, por exemplo] como uma realidade da qual não podem fugir. Ouvem dos veteranos que aquilo é uma tradição, uma diversão. A comunidade acadêmica aceita aquilo, meninas e meninos participam", afirma ele. Ele afirma que “o calouro acaba sendo pressionado, e praticamente todos participam de alguma forma”.
Para o advogado, a responsabilidade não pode ser jogada apenas nos ombros dos calouros. "As próprias faculdades têm suas responsabilidades, e penso que deveriam aproveitar a oportunidade para formar e educar pessoas, e não para punir."
Decisão pode ser revista
A Unisa, segundo a colunista, já admite rever a decisão extrema de expulsar os estudantes –no total, 15 deles tiveram a matricula cancelada de forma sumária, no próprio dia da divulgação dos vídeos.
"Uma punição tem caráter punitivo e pedagógico. A universidade quis passar o recado poderoso, para a sociedade, de que atos vexatórios e anticivilizatórios não serão tolerados", diz o advogado Marco Aurélio de Carvalho, que representa a Unisa.
Ele afirma, no entanto, que "a universidade pretende reconhecer, nos efeitos suspensivos das expulsões, eventuais injustiças, desde que haja indícios mínimos de não participação dos estudantes nos eventos. Se houve alguma decisão equivocada da Unisa, ela será revista com alegria. Não temos compromisso com o erro".
O advogado da Unisa afirma também que a instituição pretende apresentar ao Ministério da Educação (MEC) propostas de campanhas e um pacto contra trotes violentos ou vexatórios no país.