O ex-ajudante de ordens do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), o tenente-coronel Mauro Cid, revelou em seu primeiro depoimento de sua colaboração premiada que a então primeira-dama, Michelle Bolsonaro, e o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP), faziam parte da ala “mais radical" do grupo que defendia um golpe de Estado no Brasil no final de 2022. As informações são do colunista Elio Gaspari, do jornal Folha de São Paulo.
"Tais pessoas conversavam constantemente com o ex-presidente, instigando-o para dar um golpe de Estado, afirmavam que o ex-presidente tinha o apoio do povo e dos CACs [Colecionadores, Atiradores Desportivos e Caçadores] para dar o golpe", diz trecho do depoimento, do dia 28 de agosto de 2023.
No depoimento, Cid revelou que havia três grupos distintos próximos a Bolsonaro no final de 2022, em meio aos campamentos de bolsonaristas em frente a quartéis do Exército pedindo um golpe de Estado montados em todo o Brasil.
O primeiro atuava para convencer Jair Bolsonaro a admitir a derrota e se tornar "o grande líder da oposição". Entre os integrantes do grupo estavam o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) e o então ministro-chefe da Casa Civil, Ciro Nogueira. O segundo grupo se mostrava incomodado com os rumos que o país estava tomando, mas também se colocava contra medidas de ruptura.
Já o terceiro grupo era favorável a medidas golpistas e estava dividido em duas alas. Uma "menos radical" tentava encontrar indícios de fraudes nas eleições daquele ano para justificar uma virada de mesa. A outra, classificada por Cid como mais radical, era "a favor de um braço armado", defendia assinatura de decretos de exceção e "acreditavam que quando o presidente desse a ordem ele teria apoio do povo e dos CACs".
"Quanto a parte mais radical, não era um grupo organizado, eram pessoas que se encontravam com presidente, esporadicamente, com a intenção de exigir uma atuação mais contundente do então presidente", disse no Cid no depoimento.
Além de Eduardo e Michelle, também faziam parte desta ala o ex-assessor para Assuntos Internacionais de Bolsonaro Felipe Martins; o ex-ministro Onyx Lorenzoni; o ex-ministro do Turismo, Gilson Machado; secretário-executivo da Secretaria-Geral da Presidência, o general Mario Fernandes; e os senadores Jorge Seif (PL-SC) e Magno Malta (PL-ES).
Desse grupo, apenas Felipe Martins e Mario Fernandes foram indiciados pela PF no relatório final da trama golpista.
O relatório final da investigação da Polícia Federal sobre o plano para dar um golpe de estado foi concluído em 21 de novembro de 2024 e não traz Michelle nem Eduardo os 40 indiciados. A ex-primeira-dama não é citada no documento. O filho do ex-presidente é mencionado é citado apenas de forma lateral, já que ele aparecia como contato no telefone celular de um dos investigados.
O relatório da PF está sendo analisado pela Procuradoria-Geral da República, responsável por decidir se oferece denúncia ao Supremo Tribunal Federal (STF) contra os suspeitos ou arquivar os indiciamentos.
Enquanto isso, Michelle e Eduardo vêm sendo cotados como candidatos para disputar a Presidência na eleição de 2026, no lugar de Jair Bolsonaro, que está inelegível até 2030.
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