O cientista político, Wilson Pedroso, utilizou as redes sociais para comentar sobre o desentendimento entre a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro com os filhos do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).
Racha na família Bolsonaro
O atrito no clã Bolsonaro começou após Michelle fazer duras críticas à aproximação do PL com Ciro Gomes, adversário histórico de Jair Bolsonaro. A ex-primeira-dama classificou a aliança como incompatível com os valores defendidos pela direita, além de ter feito ataques a André Fernandes.
A fala gerou reação imediata dos filhos do ex-presidente. Flávio classificou a fala de Michelle como “autoritária e constrangedora”. Carlos e Eduardo endossaram a crítica.
Depois do desentendimento público, o PL convocou uma reunião de emergência para tratar do assunto e decidiu suspender as negociações para uma aliança com o PSDB do Ceará.
Avaliação de Pedroso
De acordo com o cientista político, o desentendimento "a verdade é bem mais feia do que estão contando" e que o desentendimento é para saber quem vai herdar o capital político do ex-presidente.
“A prisão de Bolsonaro abriu um vácuo de comando. E vácuo, na política, nunca fica vazio. Ele vira guerra. Michelle entrou no espaço. Os filhos tentaram fechar. E o PL percebeu que perdeu a rédea. Michelle não deslizou. Ela avançou. Vetou alianças no Ceará. Vetou alianças no Rio. Subiu no palco e falou como quem manda. Ela não pediu espaço. Ela tomou", escreveu Pedroso.
Na avaliação do cientista político, o erro dos filhos do ex-presidente foi tratar o caso como um "drama familiar", por se tratar de um "movimento estratégico" da ex-primeira-dama.
"Michelle não está disputando afeto. Está disputando autoridade. E fez isso na frente das bases, onde o poder real nasce [...] Ela está mexendo numa gaveta que não é dela. E quem mexe na gaveta de sucessão…vira inimigo interno", emendou.
O cientista político destaca ainda que a ex-primeira-dama "institucionalizou a divergência" e transformou ataque em vitimismo e vitimismo em autoridade moral. Com isso, ela conseguiu fazer com que o PL suspendesse a aliança com Ciro após uma reunião com Valdemar Costa Neto, o senador Rogério Marinho, Flávio Bolsonaro e o deputado federal André Fernandes
"A pauta parou porque ela disse que parava. Isso é demonstração de força. E, para pânico dos filhos, Michelle fala com a igreja, mulheres conservadoras, órfão do bolsonarismo e eleitores machucados pelo sistema. Ela disputa o afeto - o ativo mais valioso do bolsonarismo, Esse eleitorado decide destino. E ela sabe", pontuou
"Os filhos têm mandato. Michelle tem uma narrativa. E a política brasileira já provou dez vezes: quem controla narrativa, controla futuro. O PL sabe disso. Por isso entrou em modo pânico. O que Flávio, Carlos e Eduardo temem não é o presente. É o precedente. Se Michelle continuar crescendo, em 2026 ninguém vai perguntar para eles quem deve liderar a direita. Vão perguntar para ela", emendou
Wilson Pedroso destacou ainda que a direita não vive uma crise, mas um momento de transição na mudança do poder. "Só que ninguém quer admitir isso. Porque dizer em voz alta trai a liturgia do mito. Mas Brasília já entendeu: o jogo começou."
Acompanhe o Blog O Povo com a Notícia também nas redes sociais, através do Facebook e Instagram
