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sexta-feira, 12 de dezembro de 2025

Entenda como as manobras dos deputados para salvar Bolsonaro beneficiam Beira-Mar, Marcola e até estupradores

Aprovada pela Câmara, a nova lei pode reduzir penas de criminosos, incluindo chefes de facções e condenados por feminicídio

A Câmara dos Deputados aprovou, na última semana, mudanças na Lei de Execuções Penais que podem reduzir o tempo de prisão de alguns dos criminosos mais perigosos do país. A medida, chamada de projeto da dosimetria, foi articulada para aliviar a situação do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e de generais condenados pela tentativa de golpe após as eleições de 2022. Mas o efeito colateral é amplo: chefes de facções, milicianos e condenados por crimes hediondos também serão beneficiados.

O que muda na lei

O texto aprovado altera novamente o artigo 112 da Lei de Execuções Penais. Pela regra atual, a progressão de regime para o semiaberto exige o cumprimento de frações maiores da pena, especialmente em casos de crimes hediondos. A Lei Antifacção, aprovada dias antes pelo Senado, endurecia ainda mais essas exigências: previa até 75% da pena em regime fechado para líderes de facções, milicianos e autores de feminicídio.

Com a PL da dosimetria, os deputados voltaram atrás. Agora, o tempo mínimo cai para 50% nesses casos. Para crimes hediondos com resultado morte, a exigência passa de 75% para 50%. Para reincidentes, a redução também é significativa: de 80% ou 85% para 60% e 70%.

Quem ganha com isso
Na prática, nomes como Marco Willians Herbas Camacho, o Marcola, Luiz Fernando da Costa, o Fernandinho Beira-Mar, e André de Oliveira Macedo, o André do Rap, podem ver suas penas revistas. Advogados já apontam que o novo texto abre espaço para pedidos de progressão antecipada.

Além deles, condenados por feminicídio e até por crimes sexuais podem ser beneficiados, já que o projeto exclui parte das restrições que estavam previstas na Lei Antifacção.

O objetivo político
O relator Paulinho da Força (Solidariedade-SP) defendeu que a mudança buscava “pacificar o país”. Mas a votação foi marcada pelo apoio de parlamentares bolsonaristas, interessados em reduzir o tempo de prisão de aliados condenados pelos atos golpistas de 8 de janeiro.

Especialistas alertam que a medida pode gerar uma onda de revisões judiciais. O procurador regional da República Vladimir Aras afirmou que “centenas de milhares de criminosos” podem ser beneficiados, já que a lei não se limita aos crimes contra o Estado Democrático de Direito.

O que vem pela frente
O projeto segue agora para análise do Senado. Caberá aos senadores decidir se mantêm o texto mais brando ou se restabelecem as regras duras da Lei Antifacção. Até lá, cresce a pressão de juristas e entidades da sociedade civil para que o Congresso evite o que chamam de “presente de Natal” para o crime organizado.

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