O pesquisador José Murilo de
Carvalho, disse em entrevista que o PT terá que se aproximar do centro se
quiser ser competitivo em 2018, mas argumenta que o ex-presidente Luiz Inácio
Lula da Silva vai influenciar o processo eleitoral.
"(Eurico Gaspar) Dutra, depois de depor (Getúlio) Vargas em 1945,
embora fosse um “poste” eleitoral, ganhou as eleições em função do anúncio do
endosso de Vargas: “Ele disse!”. O PT não tem candidato viável sem Lula, mas o
apoio dele a outro candidato pode fazer diferença. Há uma diferença entre o PT
de hoje e o PTB de Vargas. O último sobreviveu e cresceu mesmo sem o carisma do
chefe. O PT ainda depende demais do carisma de Lula", disse ao jornal O
Estado de São Paulo.
Na oportunidade, ele detalhou também que as pressões sobre o Supremo
Tribunal Federal (STF) tiveram peso na decisão dos ministros de liberar a prisão
de Lula. “Refiro-me, sobretudo, à declaração do comandante do Exército feita na
véspera. Nenhuma corte está isenta de pressões externas, por mais que alguns
juízes queiram acreditar nisso”.
Ele também acredita que a crise política chegou ao STF. “Até pouco tempo,
o STF era o poder da República menos atingido pela descrença dos cidadãos. Não
é mais. Suas hesitações e contradições, os conflitos e bate-bocas entre
ministros, a loquacidade de seus membros fora dos autos, tudo isso tem
contribuído para o desgaste da instituição. Muito ruim para a saúde da
República”.
O historiador também analisa a manifestação do comandante do Exército. “A
declaração foi infeliz e intempestiva. A Constituição diz que as Forças Armadas
se destinam à defesa da pátria e à garantia dos poderes constitucionais. A
intervenção no Rio para garantia da lei e da ordem, ordenada pelo Executivo,
foi perfeitamente constitucional. A declaração do comandante, sem que houvesse
ameaça aos poderes constitucionais, foi política e inadequada”.
A crise política chegou ao STF?
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