O
alto tucanato recebeu com um pé atrás o flerte de Lula e Dilma Rousseff com
Fernando Henrique Cardoso. Há cinco meses, a dupla esnobou FHC. No final de
fevereiro, o ex-presidente tucano sinalizou para Dilma seu interesse em
conversar. Fez isso por meio de um amigo comum, o advogado e ex-deputado
petista Sigmaringa Seixas.
Numa conversa testemunhada pelo deputado Raul Jungmann
(PPS-PE), ex-ministro do seu governo, FHC queixou-se da tática do “nós contra
eles”, adotada por Lula para estigmatizar a oposição. Antevendo uma
deterioração dos cenários político e econômico, mostrou-se aberto ao diálogo
com a presidente.
Nos primeiros dias de março, Sigmaringa transmitiu a
Dilma o teor da conversa que tivera com FHC. Ela reagiu com indiferença. Não
esboçou interesse em dialogar. Embora os recados de FHC fossem endereçados
apenas a Dilma, Sigmaringa relatou o encontro também para Lula. Que refugou a
tentativa de aproximação.
Os meses se passaram. Confirmaram-se os vaticínios de
FHC. Com a economia em frangalhos, a lama da Petrobras a invadir-lhe a caixa de
campanha e sitiada pelos aliados no Congresso, Dilma manifesta o desejo de
estreitar a inimizade. Lula já não vê a aproximação como um despropósito.
Agora é FHC quem torce o nariz. Já havia estendido a mão
para o petismo noutras oportunidades. Numa delas, dirigiu-se ao próprio Lula.
Sem intermediários. Encontraram-se a bordo do jato presidencial, a caminho da
África do Sul. Integravam a comitiva de ex-presidentes que Dilma levou aos funerais
de Nelson Mandela.
No voo de volta, observado pelos ex-presidentes José
Sarney e Fernando Collor, FHC disse a Lula que era hora de unirem forças para
reformar a política. Ainda latejavam na conjuntura os protestos que encheram as
ruas na jornada de junho de 2013. E FHC disse para Lula que, sem uma reação
adequada, a crise tragaria todos os políticos, sem muita distinção partidária.
O morubixaba petista respondeu que estava mais preocupado com a eleição
presidencial do ano seguinte. (Via: Josias de Souza)
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