Em depoimento à Justiça Eleitoral, Marcelo Odebrecht disse que se sentia
o “bobo da corte” do governo federal, segundo relatos colhidos pelo jornal
Estadão. Ao falar sobre a situação da empreiteira baiana que leva seu
sobrenome, o ex-presidente do conglomerado demonstrou descontentamento por ser
obrigado a entrar em projetos que não desejava e bancar repasses às campanhas
eleitorais sem receber as contrapartidas que julgava necessárias.
Segundo o jornal, Marcelo detalhou que tinha contato frequente com o
alto escalão do governo – como o ex-ministro da Fazenda do governo Dilma
Rousseff, com quem negociava repasses eleitorais. “Eu não era o dono do
governo, eu era o otário do governo. Eu era o bobo da corte do governo”, disse
Marcelo Odebrecht, conforme foi relatado ao Estado. Ele também se mostrou
incomodado por divergências com seu pai, patriarca e presidente do Conselho de
Administração do Grupo Odebrecht, Emilio Odebrecht, quanto a projeto em que a
empresa apoiava o governo.
Ainda de acordo com o jornal, no depoimento, Marcelo Odebrecht fala
sobre a “naturalidade” do caixa 2 em campanha eleitoral, defende a legalização
do lobby e deixa claro que a Odebrecht não era a única empresa a usar doações
para conquistar apoio político. De acordo com ele, o uso de dinheiro de caixa
dois em campanhas eleitorais é algo “natural”, mas que de alguma forma envolve
também propina. Sobre pagamentos de propina, Marcelo Odebrecht disse saber que
os empresários da empresa precisavam fazer “acertos” para poder atuar.
O ex-presidente da empreiteira foi ouvido pelo ministro Herman Benjamin,
relator da ação que tramita no Tribunal Superior Eleitoral e investiga a chapa
formada por Dilma Rousseff e Michel Temer na campanha eleitoral de 2014.
Marcelo Odebrecht foi preso em junho de 2015, no âmbitoda Lava Jato, e
pelo seu acordo de colaboração premiada deve permanecer na carceragem da
Polícia Federal em Curitiba até o final deste ano.
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