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Os economistas do governo são
como ficcionitas que se deram bem na vida. A gestão de Michel Temer, que
prometia adotar o realismo fiscal, tomou gosto pela ficção. A equipe de
Henrique Meirelles dizia no ano passado que o buraco nas contas públicas de 2017
seria de inacreditáveis R$ 139 bilhões de reais. O ministro da Fazenda informa
que o rombo cresceu em R$ 58 bilhões. Estamos falando agora de uma cratera de
inaceitáveis R$ 197 bilhões. Para retornar da cratera inaceitável para o rombo
inacreditável, o governo flerta com o aumento de impostos. Como se hábito, vão
meter a mão no seu bolso.
Sempre que precisam dar lições à plateia ignorante, os
economistas de Brasília recorrem à analogia doméstica. Dizem que o Orçamento da
União é como o orçamento da sua casa, onde ninguém está autorizado a gastar
mais do que ganha. O problema é que os ficcionistas do governo não seguem os
próprios ensinamentos. No final do ano passado, por exemplo, aprovaram-se no
Congresso pacotes milionários de reajustes salariais para servidores. Dizia-se
que estava tudo na conta do déficit de R$ 139 bilhões. Era lorota. Para ficar
na metáfora doméstica, é como se o governo guardasse café no pote de açúcar,
sem se dar conta de que na frente está escrito sal.
Em troca do aumento de impostos, o brasileiro continuará
recebendo do Estado uma segurança pública inexistente, um serviço de saúde
fictício e uma educação ilusória. Bem ao gosto dos ficcionistas responsáveis
pelo enredo. Tudo isso num momento em que a Lava Jato despeja diariamente no
noticiário evidências de que o assalto aos cofres públicos tem dimensões
amazônicas. Mas o pior de tudo é essa incômoda sensação de que o mesmo governo
que prepara a mordida é integrado e apoiado por suspeitos de participação no
assalto.
Blog: O Povo com a Notícia