Quatro órgãos de inteligência do governo
paranaense municiam o Departamento Penitenciário estadual com informações para
a eventual escolha de um local para acomodar o ex-presidente Lula, caso ele
seja preso e enviado para o sistema prisional do Paraná.
As agências de inteligência são ligadas à Polícia Militar, à Polícia
Civil, ao Departamento Penitenciário (Depen) e à Secretaria de Segurança
Pública.
Lula será preso caso o STF (Supremo Tribunal Federal) decida pela execução
da pena após a decisão de segunda instância. O petista foi condenado a 12 anos
e 1 mês de prisão por juízes do TRF-4 (Tribunal Regional Federal da 4ª Região)
no caso do tríplex em Guarujá. Ficaria a cargo do juiz federal Sergio Moro,
responsável pela Lava Jato, determinar o local do cumprimento da pena.
Os investigadores das duas polícias estão monitorando principalmente as
atividades de movimentos sociais, como o MST (Movimento dos Trabalhadores
Rurais Sem Terra) e MTST (Movimento dos Trabalhadores Sem Teto), que devem
protestar em caso de prisão do petista.
Já a inteligência do Depen apura as condições internas dos presídios,
incluindo risco de animosidade de presos e carcereiros contra o ex-presidente.
É comum agentes penitenciários serem hostis a petistas, por causa da ligação do
partido com movimentos de direitos humanos.
A Folha apurou que o local considerado adequado pelo governo paranaense
para receber Lula seria o Complexo Médico Penal (CMP), de Pinhais (PR),
conhecido como presídio da Lava Jato.
Lá a sexta galeria -- pavilhão isolado no fundo do presídio-- acomoda presos da
Lava Jato desde março de 2015.
Outros presídios do estado têm grande presença de presos de facções
criminosas, o que colocaria o ex-presidente em risco.
O complexo consiste em um hospital, duas alas para doentes e feridos,
outras para presos que cumprem medidas de segurança (aqueles que cometeram
crimes e a Justiça determinou tratamento psiquiátrico) e uma para
grávidas.
A quinta galeria, embaixo do pavilhão da Lava Jato, é habitada por
policiais e presos ameaçados por outros detentos, transferidos após rebeliões,
em 2014. Na sexta galeria há, além de presos da Lava Jato, detentos idosos.
O problema da escolha do CMP é que ao redor do presídio há descampados que
poderiam servir como base para acampamentos de movimentos sociais. O complexo
foi concebido como uma instituição médica, e a segurança não é máxima.
IMAGEM PRESERVADA: A recepção ao ex-presidente está sendo calculada para evitar tumulto.
Cogitou-se preparar uma sala no aeroporto para que Lula fizesse o exame de
corpo delito assim que o avião pousasse. Esta possibilidade, porém, perdeu
força com a inauguração, em 15 de março, do novo prédio do Instituto Médico
Legal (IML), em Curitiba.
No local o preso que vai para o exame pode entrar por uma garagem, tendo
sua imagem preservada. Foi na entrada do antigo IML que fotógrafos e
cinegrafistas registraram as principais imagens de presos como Marcelo
Odebrecht, Otávio Azevedo, Eduardo Cunha e Antônio Palocci.
Lula também teria esquema especial na triagem, que é o período em que o
preso fica separado dos outros para se adaptar à cadeia. Um alto funcionário do
sistema penal paranaense disse que o ex-presidente pode ficar num quartel do
Exército ou da Aeronáutica cerca de 15 a 30 dias, antes de seguir para o local
onde cumpriria pena.
Durante a triagem o preso não tem direito a banho de sol ou visita de
parentes, apenas encontro com advogados.
Apesar de ficar no quartel, os carcereiros e as refeições seriam
fornecidos pelo Depen. Não é descartada a possibilidade de o ex-presidente
ficar mais tempo isolado, por questões de segurança.
Hoje há dez celas desocupadas na sexta galeria do CMP. Se Lula for mandado
para lá, encontrará antigos aliados, como o ex-tesoureiro do PT João Vaccari
Netto e o ex-governador do Rio de Janeiro Sérgio Cabral (PMDB). Também
conviverá com o ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha (PMDB), um dos artífices
do impeachment de Dilma Rousseff. (Via: Folhapress)
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