O novo ataque de tubarão registrado
na tarde desse domingo (15) na Praia de Piedade, em
Jaboatão dos Guararapes, traz novamente à tona a falta de investimentos em
pesquisa e monitoramento dos animais para evitar que banhistas e surfistas
sejam alvos fáceis. Única “arma” para tentar evitar os ataques, a embarcação
conhecida como Sinuelo, que capturava e levava os tubarões para o alto-mar,
está parada há quatro anos.
O Sinuelo também tinha a função de monitorar os animais, porque os mesmos
recebiam chips e tinham a trajetória no oceano rastreada. Se voltassem a se
aproximar da costa, eles podiam ser novamente capturados. Durante dez anos,
mais de 450 tubarões foram capturados e levados para o alto-mar. O ataque nesse
domingo foi o segundo registrado na Região Metropolitana do Recife desde que o
Sinuelo teve as atividades paralisadas.
O convênio entre a Universidade
Federal Rural de Pernambuco (UFRPE) e a Secretaria de Defesa Social (SDS) foi
encerrado em dezembro de 2014, após o Tribunal de Contas do Estado (TCE)
questionar o alto custo do contrato. Cerca de R$ 800 mil foram gastos naquele
ano. Desde então, nenhum tipo de monitoramento é feito, nem há previsão um novo
convênio semelhante.
O potiguar Pablo Diego Inácio de Melo, de 34 anos, foi atacado numa das
regiões consideradas mais perigosas. Foi lá, inclusive, o primeiro registro
oficial de ataque de tubarão, em 1992, quando o Comitê Estadual de
Monitoramento de Incidentes com Tubarões (Cemit) começou a somar as
ocorrências. Até agora são 64 vítimas de ataques, sendo 24 mortes.
INVESTIGAÇÃO: No mês passado, o
Ministério Público de Pernambuco (MPPE) instaurou um inquérito civil para
investigar a relação entre a implantação do Complexo Portuário de Suape,
em Ipojuca, e o aumento no número de ataques de tubarão na Região Metropolitana
do Recife. Alguns especialistas defendem que os animais marinhos
teriam se deslocado para as praias do Grande Recife por conta do impacto das
obras de Suape que provocou um desequilíbrio ambiental nas últimas décadas.
A promotora de Justiça Bianca Azevedo Barroso, responsável pelo inquérito,
determinou várias diligências. Uma delas é direcionada à CPRH (Agência Estadual
de Meio Ambiente) para que responda a alguns questionamentos: se o
processo de licenciamento ambiental de Suape, e o respectivo Estudo de Impacto
Ambiental abordou, compreendeu e analisou o impacto negativo do empreendimento
sobre a fauna marinha, com especial ênfase para o fluxo de tubarões, seu ciclo
alimentar e possível ameaça ou aumento do número de ataques de tubarão na área
de influência do empreendimento. A promotora também questiona em que medida a
construção do Porto de Suape alterou o habitat e fluxos naturais dos tubarões
na região, suas correntes marítimas e o risco de provocar acidentes envolvendo
tubarões no litoral pernambucano. Não há prazo para conclusão das investigações. (Via: Ronda Jc)
Blog: O Povo com a Notícia