A preocupação com o avanço da violência
está levando dois estados a pedir ajuda ao governo federal nesse início de ano
assim como o Ceará. Desde a última quinta-feira, o estado do Nordeste foi alvo
de 161 ataques de facções criminosas em 39 cidades do estado.
O
governador do Espírito Santo, Renato Casagrande, tem encontro marcado hoje com
Moro, em Brasília, para tratar do reforço da segurança e da estrutura do
sistema prisional do estado, que, diante da superlotação, estaria sob ameaça.
Já o
governador do Pará, Helder Barbalho, solicitou o envio ao estado de 500 homens
da Força Nacional para impedir o avanço da criminalidade. Segundo o Ministério
da Justiça, o pedido de Barbalho ainda está em análise na pasta.
Setores
de inteligência do governo já trabalhavam, desde o fim do ano passado, com
informações de que uma onda de violência poderia explodir nas prisões e nas
ruas do Ceará.
Fontes
do primeiro escalão do ex-presidente Michel Temer e auxiliares diretos do atual
ministro da Justiça, Sergio Moro, revelaram que o trabalho das forças de
segurança conseguiu neutralizar, nos últimos dias de dezembro, a ação das
facções criminosas dentro dos presídios. A inteligência policial não teria
eliminado, porém, o risco de que os ataques, que se alastraram pelo interior do
Ceará, migrem para prisões de outros estados.
Por
motivo de segurança, órgãos de segurança do governo mantêm em sigilo os outros
estados que estariam sob monitoramento. Indulto, o estopim.
Segundo
interlocutores diretos de Moro, além dos fatores regionais que insuflaram a
crise no Ceará, um dos motivos da revolta entre os presos foi a decisão de
Temer de não conceder indulto de Natal no fim do ano.
A
pressão das facções criminosas nos presídios, já tradicional no mês de janeiro,
teria se intensificado a partir da notícia de que, mesmo com bom comportamento,
presos continuariam atrás das grades.
A
decisão do presidente Jair Bolsonaro de acabar com o perdão presidencial a
presos durante seu governo e a promessa de Moro de endurecer o combate aos
líderes das facções também contribuem para o risco de retaliação do crime país
afora.
Ainda
durante a transição, o ministro da Justiça, que teve a segurança reforçada
nesta terça-feira por ordem de Bolsonaro, anunciou a criação de forças-tarefas
de inteligência, nos moldes da Operação Lava-Jato, para combater as facções .
Moro disse que a ideia era neutralizar os líderes do crime, isolando-os nas
prisões.
— O
crime organizado tem que ser tratado com inteligência, disse Moro.
Blog: O Povo com a Notícia
Via: O Globo