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O senador eleito Flávio Bolsonaro (PSL-RJ) disse que não renunciará do
cargo de senador. O filho mais velho do presidente Jair Bolsonaro é investigado
pelo MP-RJ (Ministério Público do Rio de Janeiro) por movimentações financeiras
atípicas apontadas em relatório do Coaf (Conselho de Controle de Atividades
Financeiras).
“É mentira, não sei nem de onde surgiu essa história. Eu nem tomei posse
ainda. Eu vou tomar posse e vou trabalhar muito ainda pelo Rio de Janeiro e
pelo meu Brasil, pode ter certeza disso. Eu não vou me afastar e que quero
aproveitar a oportunidade pra falar para todo o Brasil da grande perseguição
política que eu estou sofrendo do meu Estado”, disse.
A declaração foi feita em entrevista ao Jornal do SBT.
MP com a Globo: ‘assunto de boa que não era né?’
Flávio Bolsonaro voltou ainda a afirmar que o MP-RJ quebrou o
sigilo do processo de sua investigação. O Ministério Público nega.
O senador eleito disse que fotos do procurador-geral de Justiça do Rio
de Janeiro, Eduardo Gussem, com Octavio Guedes, comentarista da emissora de TV
a cabo GloboNews, e o promotor de Justiça Cláudio Cardoso da Conceição,
reforçaram a sua “convicção” de que “o MP vinha constantemente vazando
conteúdo sigiloso do meu procedimento”. As imagens circulam nas redes sociais.
“Ora, num momento como esse, que, segundo constam aí nas regulações, foi
um encontro recente, há poucos dias, no Rio de Janeiro. Num momento como esse
em que eu estou há um mês e meio tendo minha vida completamente exposta na
mídia de uma forma pejorativa para denegrir a minha imagem, tentar a atingir o
governo do presidente Jair Bolsonaro, um encontro como esse para trocar assunto
de boa que não era né”, disse, ao ser questionado pela repórter, que afirma que
é comum jornalistas conversarem com autoridades.
O filho do presidente disse ter apresentado provas documentais na
reclamação que fez ao STF (Supremo Tribunal Federal) sobre quebra de sigilo sem
autorização oficial.
“Qual foi a decisão que os advogados tomaram: ‘olha, isso aqui tem um
coisa muito estranha, nesse procedimento há ilegalidades flagrantes, claras.
Vamos perguntar ao Supremo Tribunal Federal, cumprindo uma decisão do próprio
STF, que dizem que caso a caso eles é que decidem qual é o foro adequado’. Aí o
Supremo notifica o Ministério Público do Rio de Janeiro na sua decisão, com um
carimbo escrito assim: ‘sigiloso’. Na mesma manhã o Ministério Público convoca
uma coletiva, para expor uma nota de esclarecimento, aonde ele vai detalhando
tudo que está na decisão, ou seja, quebra o sigilo, desrespeita uma ordem do
próprio Supremo. Já é a clara constatação de qual era o objetivo do que estava
acontecendo”, disse.
Flávio Bolsonaro se diz ‘contra
milícias’
Sobre um discurso em que fez na Alerj (Assembleia Legislativa do Rio de
Janeiro), em 2017, em defesa dos policiais, e que repercutiu como defesa a
milícias, Flávio Bolsonaro rebateu.
“Eu sou contra milícias, só que nesse momento estava ainda começando uma
discussão sobre o que era isso. Estava-se generalizando de uma forma muito
preocupante porque eu sempre fui da defesa do servidor a segurança pública,
então qualquer lugar onde se morava 2, 3, 4 policiais militares, já estava
sendo considerando milícia”, disse.
“Então o que eu falei naquele momento, nas frases tiradas desse contexto
todo do debate, é que eu defendia os policiais. Sou contra qualquer tipo de
tentar implantar um Estado paralelo que não seja o nosso democrático de
direito”, afirmou.
Sobre as homenagem realizada ao ex-capitão do Bope (Batalhão de
Operações Especiais) Adriano Magalhães da Nóbrega, suspeito de envolvimento no
assassinato da vereadora Marielle Franco (Psol-RJ), Flávio Bolsonaro negou que
o fato o relacione a um apoio a milícias.
“Eu já ofereci centenas de homenagens a policiais militares, a outros
integrantes de segurança essa informação só veio à tona agora apenas. E as
homenagens realizadas foram por situações específicas, que eu costumo fazer
para centenas de policiais, não tem problema nenhum nisso, a gente tem que
homenagear aqueles policiais que se destacam”, afirmou.
ENTENDA A INVESTIGAÇÃO
Fabrício Queiroz, ex-assessor de Flávio, é suspeito de ter movimentações
atípicas em uma de suas contas, segundo relatório do Coaf (Conselho
de Controle de Atividades Financeiras).
O MP-RJ (Ministério Público do Rio de Janeiro) avalia se houve
participação de deputados e servidores da Alerj em movimentações bancárias não
compatíveis com seus salários.
Na última sexta-feira (18), o Jornal
Nacional noticiou que um novo relatório da Coaf teria indicado
movimentações bancárias atípicas nas contas de Flávio Bolsonaro:
R$ 1.016.839 – pagamento de um título bancário à CEF (Caixa
Econômica Federal);
48 depósitos em espécie de R$ 2.000 – o dinheiro, no total de R$
96.000, entrou na conta de Flávio no período de 9 de junho de 2017 a 13 de
julho de 2017.
Em entrevista à Record e à RedeTV no domingo (20),
Flávio disse que o pagamento de R$ 1 milhão está relacionado a uma
transação com imóvel.
Na segunda-feira (21), o ex-jogador de vôlei de praia Fábio
Guerra confirmou que pagou cerca de R$ 100 mil em espécie para o
senador eleito para quitar parte da compra de um imóvel na zona sul do Rio de
Janeiro.
Na terça-feira (22), foi divulgado pelo jornal O Globo que
o gabinete do ex-deputado estadual empregou a mãe e a mulher de
um suspeito de envolvimento no assassinato da vereadora Marielle Franco. Além
disso, de acordo com a reportagem, Flávio Bolsonaro teria duas vezes prestado
homenagem a Adriano, o ex-capitão do Bope (Batalhão de Operações Especiais) –
um dos alvos da investigação.
SBT É SIMPÁTICO À BOLSONARO
O SBT pertence ao apresentador e empresário Silvio Santos. A
emissora tem sido simpática ao presidente Jair Bolsonaro e tem sido uma escolha
frequente de Flávio Bolsonaro para conceder entrevistas.
Em novembro 2018, depois da eleição presidencial, Jair Bolsonaro
telefonou para Silvio Santos durante o programa Teleton para fazer uma doação.
O apresentador disse na ocasião que o Brasil terá 8 anos de Bolsonaro e 4 anos
de Sérgio Moro no comando.
Depois, em dezembro do ano passado, o então presidente eleito visitou o
dono do SBT na mansão do empresário no bairro do Morumbi, em São Paulo.
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