Ao se manifestar neste sábado (9)
pela primeira vez sobre a soltura do ex-presidente Lula, o presidente Jair
Bolsonaro (PSL) pediu aos seus seguidores que não deem "munição ao
canalha", em uma referência ao líder petista.
Sem citar o nome do ex-presidente, Bolsonaro postou um vídeo em homenagem
ao ministro da Justiça, Sergio Moro. Hoje membro do governo, o ex-juiz foi
responsável pela condenação de Lula na primeira instância no caso do triplex.
"Iniciamos a (sic) poucos meses a nova fase de recuperação do Brasil
e não é um processo rápido, mas avançamos com fatos. Não dê munição ao canalha,
que momentaneamente está livre, mas carregado de culpa", escreveu o
presidente em redes sociais.
No vídeo que acompanha a publicação, Bolsonaro recupera um discurso em que
afirma que pessoas de bem são maioria no Brasil e atribui a Moro parte da
responsabilidade por sua chegada à Presidência da República. Condenado e preso
em 2018, Lula foi impedido de disputar as eleições. "Em parte, o que
acontece na política no Brasil, devemos a Sergio Moro", disse.
"Amantes da liberdade e do bem, somos a maioria. Não podemos cometer
erros. Sem um norte e um comando, mesmo a melhor tropa, se torna num bando que
atira para todos os lados, inclusive nos amigos. Não dê munição ao canalha, que
momentaneamente está livre, mas carregado de culpa", escreveu em seguida,
em novo post.
Na sexta-feira, a saída da prisão do ex-presidente Lula dividiu opiniões
no Palácio do Planalto e foi recebida com silêncio pelo presidente Bolsonaro,
que considera o petista seu principal adversário político.
Em Goiânia, onde participava da entrega de ônibus escolares, o presidente
não comentou o assunto, se ausentou de entrevista programada e evitou os
veículos de imprensa após a expedição da ordem de soltura.
Em caráter reservado, no entanto, disse a um grupo de auxiliares e aliados
que a decisão do STF, que barrou a prisão após segunda instância e permitiu a
soltura do petista, deve ser respeitada.
Durante a cerimônia na capital goiana, minutos depois da decisão do juiz
federal Danilo Pereira Junior, um assessor do Palácio do Planalto se dirigiu à
tribuna de honra e mostrou ao chefe a tela de seu celular.
Bolsonaro ouviu em silêncio e, menos de um minuto depois, cochichou ao
ouvido do ministro da Educação, Abraham Weintraub, que estava sentado ao seu
lado. Após a conversa, olhou para a frente e baixou a cabeça.
Próximo a discursar, o presidente falou sobre diversos assuntos, como a
necessidade de não ter o que chamou de "ideologia política ou de
gênero" no Enem (Exame Nacional do Ensino Médio), mas não abordou a
soltura de Lula.
Na sequência, deixou o local sem comparecer a entrevista programada. A
saída do presidente surpreendeu até mesmo a sua equipe de comunicação. Minutos
antes de Bolsonaro entrar no carro, dois assessores palacianos já tinham
organizado o espaço e anunciado que os jornalistas teriam direito a três
perguntas.
Ao serem informados de que Bolsonaro havia desistido, os repórteres saíram
às pressas do local, pegando mochilas e equipamentos. Um deles chegou a pular
um balcão para alcançar a comitiva presidencial.
Blog: O Povo com a Notícia