Os municípios do Sertão da Paraíba têm o maior número de pessoas submetidas ao trabalho análogo à escravidão em outros estados do país. Além disso, 88% das vítimas resgatadas são analfabetas ou com ensino fundamental incompleto e 46% são negras.
Os dados são do Observatório da Erradicação do
Trabalho Escravo e do Tráfico de Pessoas, desenvolvido pelo Ministério Público
do Trabalho (MPT) e pela Organização Internacional do Trabalho (OIT), em
parceria com a Subsecretaria de Inspeção do Trabalho – SIT.
Entre 2003 e 2019, 874
paraibanos ou radicados na Paraíba foram encontrados em condições análogas à
escravidão em vários Estados do País. As cidades paraibanas com maior número de
paraibanos naturalizados resgatados em outros estados durante o período foram
Patos (65), Pombal (55), no Sertão, e Araruna (24), no Brejo.
Quanto às
cidades de residência, os principais municípios onde os resgataram declararam
residir foram Patos (67), Juripiranga (32) e Pombal (22), todas no Sertão. No
ano de 2020, a cidade de Tavares, no Sertão paraibano, foi a terceira do Brasil
com maior número de traficados para o trabalho escravo.
Um dos últimos
resgates de paraibanos aconteceu em julho na periferia de Fortaleza, no Ceará,
de onde foram resgatados 11 trabalhadores em situação de trabalho análogo à
escravidão. Eles eram de São Bento, Catolé do Rocha e Brejo do Cruz, no Sertão.
O resgate foi realizado
durante uma ação fiscal realizada por uma equipe integrada por auditores
fiscais do Trabalho, por uma procuradora do MPT e agentes da Polícia Federal.
Para o
procurador do Trabalho Marcos Almeida, a pandemia da Covid-19 só tende a piorar
esse cenário. A causa é o aumento do desemprego, da desigualdade e da pobreza.
Isso deve agravar as condições dos mais vulneráveis e aumentar o ciclo de
aliciamento e exploração. Ele ressalta a “implementação eficaz de políticas
públicas” para combater esse crime.
“É importante
que a atuação dos órgãos públicos envolvidos com a questão ocorra de forma
conjunta, integrada e articulada. Além disso, é imprescindível a participação e
o envolvimento direto da própria sociedade civil, bem como a implementação
eficaz de políticas públicas e programas sociais voltados justamente às pessoas
em situação de extrema vulnerabilidade social”, afirmou. (Via: G1 PB)
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