Tido como carta fora do baralho por políticos, analistas e a imprensa, o ex-juiz Sergio Moro surpreendeu ao dar sinais claros de que está disposto a fazer uma reentrada triunfal na disputa presidencial neste final de ano.
Em 10 de novembro, ele deve se filiar ao Podemos, no que deverá ser um concorrido evento em Brasília. Em seguida, sai em turnê de lançamento de seu aguardado livro sobre a Operação Lava Jato, que comandou até aceitar integrar o governo do recém-eleito presidente Jair Bolsonaro (sem partido), em 2018.
Tudo isso aparenta ser aquecimento para o evento maior, o anúncio de sua candidatura para a eleição de 2022, que deve ocorrer no primeiro semestre do ano que vem.
Aliados próximos de Moro dizem que duas coisas em especial o motivam a sair candidato: a possibilidade de tirar votos de Bolsonaro, hoje um desafeto até maior do que Luiz Inácio Lula da Silva (PT), e a defesa da operação de combate à corrupção que o projetou nacionalmente.
A Lava Jato, desde que Moro a abandonou, sofreu reveses em série, que levaram, na prática, ao seu fim. Houve desde derrotas judiciais, como o fim da prisão após condenação em segunda instância, até os áudios que revelaram a proximidade do então juiz com a força-tarefa de procuradores do Ministério Público Federal.
"A Lava Jato acabou? Criminosos torcem pelo sim. Nós torcemos pelo não", diz o cartaz, com a hashtag #somostodoslavajato. O material também diz apoiar o Ministério Público Federal e a Polícia Federal "totalmente independentes".
A referência não foi gratuita, mas pensada para ajudar na campanha contrária à proposta de emenda constitucional que alterava a composição do CNMP (Conselho Nacional do Ministério Público), vista como uma ameaça à independência da instituição.
O exemplo paranaense é um caso pontual, mas que tende a se espalhar à medida que o ressurgimento de Moro no cenário eleitoral acorda uma base que estava dormente.
O ex-juiz tem contrato até o final do ano com a empresa de compliance americana Alvarez & Marsal, que o mantém vivendo em Washington (EUA). As indicações são de que o contrato não deve ser renovado, liberando Moro para fazer política novamente.
Em Brasília, convites personalizados já estão sendo distribuídos para o evento de filiação de ex-juiz. O lavajatismo, que andava meio por baixo, sonha em voltar aos dias de glória, na esteira do retorno de seu herói. (Via: Agência Brasil)
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