De bicicleta, o professor de história Diego Amorim, de 27 anos, saía de casa pontualmente às 11h, rumo à porta de escolas em busca de trabalho. O único companheiro do trajeto era um cartaz, amarrado ao lado da bike para divulgar que o paraibano dava aulas particulares e estava disponível para contato.
A história de Diego, que se assemelha a de milhões brasileiros que se reinventaram por oportunidades na pandemia, repercutiu nas redes sociais após um colega de profissão compartilhar uma foto em que o historiador aguarda o movimento de saída e chegada de pais e alunos na esperança de conseguir ao menos uma hora-aula para complementar a renda. O resultado da mobilização foi o presente de, finalmente, ter a chance de atuar como professor.
Segundo Diego, desde que se formou em licenciatura, em 2018,
na Universidade Federal da Paraíba (UFPB), nunca conseguiu exercer a profissão
por falta de oportunidades. Então, teve a ideia de começar a dar aulas
particulares a estudantes do ensino fundamental e médio. Devido à baixa
demanda, no ano seguinte o professor ingressou no mestrado, decisão que
proporcionou uma bolsa acadêmica por dois anos no valor de R$ 1,5 mil. Contudo,
nomeado mestre em agosto e com quase nenhuma aula de reforço à vista, ele
começou a “vender seu peixe” em frente aos locais em que almejava trabalhar um
dia.
"Eu sempre dei aulas de
reforço, mas nunca consegui um vínculo empregatício acredito que pela
desvalorização do ensino. No momento em que a foto repercutiu eu não estava
passando dificuldades, mas toda a economia que fiz enquanto recebia bolsa já
estava acabando. Apesar dos professores terem sido muito abalados na pandemia,
eu só estava em busca de uma chance na minha área" relata Diego.
Natural de Campina Grande, o professor tirava renda extra
através de pacotes de aulas, a preço de R$ 35 a hora. Apesar de não ter sofrido
com a baixa na renda durante a pandemia graças à ajuda da mãe, ele conta que
estava preocupado em encerrar o ano, mais uma vez, sem perspectivas de emprego.
Em alguns momentos, o sonho de ser professor precisou ficar de lado para se
abraçar outros trabalhos, como o de garçom.
Sua história mudou no início deste mês, após a sua motivação
em querer ensinar História repercutir em diversas redes sociais e conquistar milhares de compartilhamentos pelo
Brasil. A mobilização foi tanta que Diego conseguiu fechar aulas com quatro
alunos fixos e alguns outros esporádicos, que conheceram seu trabalho na
internet. Complementando a felicidade do historiador, ele foi contratado por
uma instituição particular para lecionar no ano letivo de 2022.
"Eu sou muito grato às pessoas que me ajudaram. Recebi
muitas ligações e mensagens de pessoas me oferecendo emprego e isso significou
muito para mim. Ensinar história é mostrar o que a gente passou enquanto
humanidade e ensinar como a gente constrói um mundo melhor a partir do que já
viveu. Nunca pensei que distribuir meu cartãozinho me levaria, praticamente da
noite para o dia, a fazer o que eu sempre sonhei" afirma. (Via: Agência Brasil)
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