Há muito tempo não tínhamos a nossa cachoeira. A culpa é de Sobradinho que a retém em forma de água virgem. Ela fica por lá estagnada como uma donzela preservada, recatada e preciosa, liberada em pequenos goles suficientes para gerar energia elétrica no complexo de Paulo Afonso. Água jogada cachoeira abaixo são recursos e riqueza desperdiçados em um Brasil carente de desenvolvimento. A água retida em Sobradinho significa dinheiro vivo, coisa inevitável do capitalismo.
Ainda assim, resta a esperança. Gostaríamos de ter de volta o fluxo turístico que já tivemos. Turismo é indústria sem chaminé, sem insumos finitos consumidos e sem poluição. O rio e o complexo hidrelétrico da Chesf continuam a ser potencialmente a nossa maior riqueza. Temos os nossos royalties e o Estado da Bahia o seu ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços).
Com
o Raso da Catarina, a saga do cangaço e o canyon do rio até Xingó, estaríamos
bem situados em termos de turismo. Atrativos suplementares são a igreja
inundada de Petrolândia, ali pertinho, a Serra do Umbuzeiro e o artesanato
local (redes e toalhas das rendeiras do Nordeste). Com a adição da cultura do
bode, das vaquejadas sem maus tratos aos animais, das quadrilhas de São João,
do xaxado, forró, arrasta-pé e a potencial saga dos jumentos. O Nordeste é
realmente um encanto – para quem sabe ver.
Entretanto,
como fazer o turista enxergar tudo isso e se convencer que vale a pena nos
visitar? Poderíamos pongar no bonde do Ministério da Infraestrutura e conseguir
a concessão de uma linha férrea de pouco mais de 30 quilômetros Piranhas/Paulo
Afonso. Os turistas vêm até Piranhas. Poderíamos coagi-los a subir até Paulo
Afonso – de trem. Pelo que temos visto em outros países e pelo que temos
pesquisado, apostamos no sucesso.
O
que fazer para voltar a despertar nos turistas brasileiros (alguns
estrangeiros) o encanto do Alto Vale do São Francisco considerando que temos o
que apresentar como nos esforçamos até agora para demonstrar?
O
dilúvio em Minas Gerais e no sul da Bahia nos devolveu momentaneamente a nossa
cachoeira. Em breve restará novamente somente o leito seco. Poderia ser o caso
de, com toda a tecnologia avançada de que dispomos, podermos reproduzir a
cachoeira em um telão [gigante] às margens do precipício onde ela, agora novamente
cheia, queda-se majestosa. Imagens e estrondos adequados rememorariam a antiga
majestade.
A
ideia é de uma pantomima programada para grupos de turistas devidamente
assessorados por guias de turismo para isto preparados. Testemunhei algo um
pouco semelhante em Dallas, no Texas. No prédio de onde John Kennedy
supostamente foi alvejado (um antigo depósito de livros), filmes ou tapes da
tragédia. Centenas de turistas, alguns deles às lágrimas, comovidos revivem o
acontecimento.
Os
americanos, que não são bobos, faturam – em dólares! Certamente só teríamos a
ganhar com medidas originais que nos proporcionassem faturar com o turismo.
Indo
além, e apostando na colaboração da Chesf, que consideramos parceira e que
deve, cremos, primar pela boa relação com o berço da produção de energia
elétrica no Nordeste que somos nós; avançando no nosso raciocínio, por que não,
em visitas coletivas de turistas programadas, abrir por alguns minutos umas das
comportas e realimentar a cachoeira – para turista ver? Quase com certeza, o
lucro [para a região] compensaria o custo. Assim falamos com a convicção que a
companhia crê prudente um bom tipo de relacionamento com a Paulo Afonso
descendente de pioneiros que a construíram com compromisso, suor e fé – alguns
com sangue! Uns poucos, trôpegos e realizados, dever cumprido estampado na
fronte e a alma leve; uns poucos ainda vivos! (
Acompanhe o Blog O Povo com a Notícia também nas redes sociais, através do Instagram e Facebook.
Blog: O Povo com a Notícia