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terça-feira, 12 de julho de 2022

Petista que empurrou empresário contra caminhão quis pedir perdão, mas vítima morreu

No último fim de semana, uma fala do ex-presidente Lula agradecendo a Manoel Eduardo Marinho, conhecido como Maninho do PT (foto em destaque), por um episódio de agressão contra um empresário, gerou polêmica.

Após a declaração, o Metrópoles teve acesso a um depoimento de Maninho, colhido em maio deste ano, no processo em que ele é réu por tentativa de homicídio. Durante a oitiva, o ex-vereador diz que gostaria de pedir perdão à vítima, o que não é mais possível, já que ela faleceu em 30 dezembro de 2021, aos 60 anos.

Ao final do depoimento, Maninho afirma ter sido informado sobre o falecimento do empresário e lamenta o episódio. “Tenho um arrependimento enorme de ter acontecido esse fato, ainda mais agora com a morte dele. Eu queria vê-lo e pedir perdão. Eu fui levado pela emoção e tenho um enorme arrependimento de ter acontecido esse fato.”

Assista:


A família diz que sequelas da agressão contribuíram para o agravamento da saúde de Bettoni nos últimos anos – tese corroborada por laudos médicos, aos quais a reportagem teve acesso.

Em abril de 2018, Carlos Alberto Bettoni foi agredido e empurrado contra um caminhão. A violência gerou consequências graves para a saúde do empresário, que ficou impossibilitado de trabalhar. Sofrendo com crises convulsivas, sequelas neurológicas e nervosas, ele foi internado por diversas vezes, primeiramente em um hospital particular.

Com a piora da situação financeira da vítima – que não conseguiu retornar ao trabalho após a agressão -, as últimas internações ocorreram no Sistema Único de Saúde (SUS).

Em dezembro, Bettoni teve nova crise convulsiva e precisou ser internado em uma Unidade de Pronto Atendimento (UPA). Enquanto aguardava a transferência para um hospital, contraiu Covid-19. Mesmo com duas doses de vacina, ele teve o quadro agravado, por causa de comorbidades, e não resistiu.

No último sábado (9/7), Luiz Inácio Lula da Silva, pré-candidato à Presidência pelo PT, agradeceu Maninho por “defendê-lo” na ocasião e fez referência ao período em que o ex-vereador ficou preso preventivamente pela tentativa de homicídio.

“Maninho, por me defender, ficou 7 meses preso porque resolveu não permitir que um cara ficasse me xingando. Quero, em teu nome, agradecer a toda solidariedade do povo de Diadema. Obrigado, Maninho! Essa dívida que tenho com você, jamais a gente pode pagar em dinheiro”, disse o ex-presidente.

A filha única do empresário, que pediu para não ter o nome divulgado, diz que os anos seguintes à agressão foram de muito sofrimento. “Meu pai tinha a saúde perfeita antes do ocorrido. Eu o vi decaindo. Foi muito triste e difícil. Ele faleceu em 2021, mas, para mim, a vida dele acabou em abril de 2018”, relatou.

Segundo ela, a repercussão das declarações de Lula trouxeram o trauma de volta: “Me fez reviver essa agressão. Ter que ouvir de novo como se fosse um nada que tivesse acontecido. Não entendo a necessidade e a frieza em dizer isso”.

Mais de quatro anos após o crime, o processo ainda não foi a julgamento.

A denúncia do Ministério Público cita agravante na conduta dos acusados. “O crime foi cometido com emprego de meio cruel, os indiciados elegeram para a prática delitiva, meio apto a provocar no ofendido intenso e atroz sofrimento físico, em contraste com o mais elementar sentimento de piedade humana”, assinala o promotor de Justiça Felipe Zilberman, na peça em que o ex-vereador e seu filho viraram réus por tentativa de homicídio.

No depoimento, Maninho confessa os atos violentos contra Carlos Alberto e confirma que a vítima não reagiu às agressões físicas, só proferiu xingamentos.

“Consegui empurrá-lo algumas vezes, ele continuou xingando, e eu segui empurrando ele. Cheguei a dar um chute na canela e, no final, ele se virou contra mim e eu dei um tapa com a mão aberta no rosto dele e ele caiu”, relatou o ex-vereador.

O Partido dos Trabalhadores não comentou a fala de Lula. (Via: Metrópoles)

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