O paranaense Lucas Felype, de 20 anos, que havia se voluntariado para a guerra na Ucrânia para atuar no manuseio de drones, fugiu do país após não conseguir romper o contrato com o governo local.
O acordo exigia no mínimo seis meses de experiência, o que o obrigaria a permanecer até dezembro deste ano. Ao perceber que estava sendo treinado para atuar no front, decidiu escapar. Segundo o g1, o jovem já havia recebido ordens para se posicionar próximo à linha de frente.
A fuga ocorreu no dia 12 de agosto. Lucas contou que precisou caminhar cerca de 20 quilômetros até conseguir uma carona.
“Quanto mais passavam os dias, mais eu estava perto do front, e chegou uma hora que eu estava no limite. Uma hora eu pensei: ou eu preciso agir, ou pode ser que para onde eu vá não tenha mais volta. Então, comecei a me planejar, a ver rota e decidi ir embora, porque a situação começou a ficar insustentável”, relatou.
De acordo com o especialista em Direito Internacional Pablo Sukiennik, Lucas pode responder por deserção. “A depender do tratamento dado pela lei, poderá ocorrer um pedido de extradição”, afirmou ao g1.
Foram necessários cinco dias para deixar a Ucrânia. No total, o brasileiro percorreu quase mil quilômetros, grande parte a pé. “A maior parte da minha jornada foi a pé [...] Foram cinco dias da viagem mais tensa da minha vida [...] Cada barreira que eu passava era um frio na barriga. Todo esse trajeto que fiz foi um tiro no escuro, eu não sabia se realmente iria conseguir sair dessa”, disse.
Após enfrentar toda a burocracia, Lucas conseguiu um visto de turismo e agora decide com a família se volta ao Brasil ou se permanece na Europa. Ele havia assinado contrato com o Ministério da Defesa Ucraniano, que só permitia a quebra em casos de saúde ou emergência familiar. Quem abandona antes precisa devolver ou pagar pelos equipamentos recebidos.
O Ministério das Relações Exteriores do Brasil reforça que não recomenda que brasileiros aceitem convites para atuar em zonas de guerra, já que o número de mortos aumenta e a assistência consular é “severamente limitada pelos termos dos contratos assinados entre voluntários e forças armadas de outros países”.
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