O presidente Jair Bolsonaro (PSL)
criticou neste sábado (23) a “velha política” e os recentes atritos enfrentados
pelo governo na condução da reforma da Previdência. Para ele, a
responsabilidade agora está com o Parlamento.
Bolsonaro falou três vezes sobre o impasse político durante visita a
Santiago, onde está em viagem oficial.
Ele comentou o tema em café da manhã com empresários, em discurso ao lado
do presidente do Chile, Sebastián Piñera, e também em rápida entrevista coletiva.
O presidente brasileiro respondeu às declarações do presidente da Câmara,
Rodrigo Maia (DEM-RJ), que tem criticado a falta de articulação política para a
aprovação das mudanças nas aposentadorias.
“Os atritos que acontecem no momento, mesmo eu estando calado e fora do
Brasil, acontecem na política lá dentro porque alguns, não são todos, não
querem largar a velha política”, afirmou Bolsonaro.
Em Brasília, ainda pela manhã deste sábado, Maia disse que o presidente
precisa mostrar o que é a “nova política”. Ele ainda afirmou que o presidente
deveria assumir responsabilidades e não terceirizar a articulação política.
Para Bolsonaro, porém, a reforma da Previdência não é uma questão de
governo, mas de Estado.
“A responsabilidade no momento está com o Parlamento brasileiro. Eu confio
na maioria dos parlamentares”, afirmou.
“A bola está com ele [Maia], já fiz a minha parte, entreguei, o
compromisso dele é despachar e o projeto andar dentro da Câmara, nada falei
contra o Rodrigo Maia, muito pelo contrário, estou achando que está havendo um
tremendo mal-entendido”, afirmou.
Sobre as críticas do presidente da Câmara, Bolsonaro disse não entender o
tom agressivo.
“Nunca o critiquei, eu não sei por que ele de repente está se comportando dessa forma um tanto quanto agressiva no tocante à minha pessoa”, disse o presidente.
“Agora, o que é articulação? O que é que está faltando eu fazer? O que foi
feito no passado não deu certo e não seguirei o mesmo destino de
ex-presidentes, pode ter certeza disso.”
Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e Michel Temer (MDB) estão presos. O
petista foi condenado na Lava Jato, e o emedebista está em preventiva.
Ele disse que governa “sem acordos político-partidários” e que “escolheu
um ministério técnico”, em que as pessoas “querem participar por patriotismo, e
isso desagradou os políticos tradicionais”.
Ainda ao alfinetar a “velha política”, afirmou que “somos os campeões de
corrupção, o que está exposto aí perante a mídia, grande parte é verdade”.
O presidente reforçou o discurso de que as mudanças nas aposentadorias
são importantes para a superação da crise econômica.
“Temos a chance de sair dessa situação em que nós nos encontramos com as
reformas. E a primeira delas, a mais importante, é essa, a da Previdência”,
disse.
Bolsonaro defendeu também uma ampliação da reforma trabalhista. “Devemos
beirar a informalidade porque a nossa mão de obra talvez seja uma das mais
caras do mundo.”
“Estamos a caminho da quarta revolução industrial, a mão de obra física
fica cada vez mais dispensável e nós temos uma série de profissões que deixarão
de existir”, disse.
O presidente afirmou ainda que chegou à Presidência por dois milagres, um
deles.
Um deles foi “ter sobrevivido a um atentado político, uma tentativa de
homicídio”, e o outro foi ter feito campanha com poucos recursos e “sendo
massacrado pela mídia, com acusações homofóbicas, racistas, fascistas, essas
coisas chatas que não colaram perante a opinião pública brasileira”.
Segundo Bolsonaro, se a eleição tivesse sido ganha por Fernando Haddad
(PT), “ele não estaria aqui conversando com vocês, ele estaria conversando com
o Maduro”.
O presidente disse estar feliz por visitar o Chile e que depois irá a
outro país que admira, Israel.
“Por que o que é Israel? É um mar de areia, nem petróleo tem. E olha o que
eles são. E o Brasil, que tem tudo e olha o que nós somos. Onde está o erro
nisso, qual é o nosso problema? Está na classe política.” (Via: Folhapress)
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