O sistema de vigilância dos municípios
pernambucanos e toda a população devem redobrar os cuidados contra o Aedes
aegypti, que transmite dengue, chikungunya e zika. Num cenário em que a
temperatura elevada é um fator capaz de acelerar o processo de transformação do
ovo no mosquito, o mapa das arboviroses (como é chamado o LIRAa, sigla para
Levantamento Rápido de Índices para Aedes aegypti) traz um dado que preocupa:
80% das 184 cidades no Estado estão em situação de risco para transmissão
elevada das três doenças provocadas pelo mosquito. O mapeamento é capaz de
identificar locais com focos de reprodução do Aedes e o tipo de depósito onde
as larvas são encontradas.
“Este
mês e no próximo, é um período em que historicamente verificamos aumento no
número de casos de arboviroses. No Estado, essa elevação permanece acima do
padrão na sétima Regional (sede em Salgueiro, no Sertão, que congrega mais
outros seis municípios: Belém do São Francisco, Cedro, Mirandiba, Serrita,
Terra Nova e Verdejante)”, destaca o diretor-geral de Controle de Doenças
Transmissíveis da Secretaria Estadual de Saúde (SES), George Dimech. Na região,
o volume dos casos notificados de arboviroses é expressivo. Até o momento, as
sete cidades registraram 1.019 casos – um percentual de variação de 6.268%, em
comparação com o mesmo período do ano passado, quando a Regional notificou
apenas 16 casos.
Outro
detalhe que tem chamado a atenção dos especialistas e das autoridades de saúde
é a expansão da incidência, que considera a proporção de casos em relação ao
número de habitantes, na faixa etária infantil. Segundo boletim epidemiológico
da SES, a maior incidência de dengue está entre 5 e 9 anos; em relação à
chikungunya e zika, do nascimento aos 4 anos. “Houve um desvio da faixa etária,
pois as crianças que não foram infectadas anteriormente estão mais susceptíveis
a infecções e começam agora a adoecer. É por isso que atualmente, nessa
população, os cuidados não devem ser menosprezados”, frisa George Dimech.
VULNERÁVEIS
O
fato de o Estado só ter identificado, até o momento, a circulação do DEN1 (um
dos quatro tipos de vírus da dengue) também pode explicar por que o adoecimento
tem se tornado mais frequente entre crianças. “É uma faixa etária caracterizada
por uma população que, na sua maioria, não teve contato anterior com o DEN1. E
as crianças, que adoecem agora por dengue e já foram infectadas anteriormente
por algum dos outros três tipos de vírus, têm risco de evoluir para uma forma
mais grave da doença”, diz o clínico-geral Carlos Brito, professor da
Universidade Federal de Pernambuco (UFPE).
Apesar
de o cenário, em Pernambuco, não representar epidemia, os especialistas
reforçam ser preciso intensificar as ações de combate ao Aedes aegypti para que
os registros de dengue, zika e chikungunya não continuem avançando no Estado.
Até o último dia 16, foram notificados 4.051 casos suspeitos de dengue em 143
municípios pernambucanos, representando aumento de 6% em relação ao mesmo
período de 2018, que apontou 3.829 casos. Para zika, até o momento, foram
registrados 298 casos suspeitos em 53 municípios, o que corresponde a um
aumento de 93,5%, comparando com o mesmo período de 201 8, quando houve 154
notificações.
O
balanço da SES também revela que este ano 50 mulheres grávidas foram
notificadas com suspeita de arboviroses por apresentarem manchas vermelhas na
pele. Além disso, o Estado contabiliza 13 mortes suspeitas por dengue,
chikungunya e zika, como no mesmo período de 2018.
“A
Regional de Salgueiro continua a apresentar mais casos. Estamos trabalhando
para evitar que outras áreas apresentem esse cenário fora do padrão”, diz
George Dimech, da SES.
“Desde
a semana que passou, observamos uma frequência maior de pessoas que procuram
atendimento por terem sintomas de dengue”, informa o médico Carlos Brito.
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