Ao menos 106 suspeitos de
cometer crimes de abuso e exploração sexual de crianças e adolescentes na
internet já tinham sido presos até as 11h30 de hoje (28), na quarta fase da
Operação Luz na Infância. As ações ainda estão em andamento e o número deve
mudar ao longo do dia.
Além das detenções, policiais civis dos 26 estados e do Distrito Federal
estão cumprindo 266 mandados judiciais de busca e apreensão em endereços
ligados aos investigados, em todo o país.
A produção, guarda e disseminação de material digital contendo cenas de
pornografia infantil foram identificadas por equipes do Laboratório de
Inteligência Cibernética, da recém-criada Secretaria de Operações Integradas,
do Ministério da Justiça e Segurança Pública.
Segundo o coordenador do laboratório, delegado Alesandro Barreto, a
maioria dos presos é do sexo masculino, tem entre 19 e 29 anos e vive em
estados da Região Sudeste. Os suspeitos pertencem a diferentes classes sociais.
Já entre as vítimas, há crianças a partir dos 2 anos de idade.
"São crianças que são abusadas por parentes, por pessoas próximas.
Nas operações anteriores, vimos que a parte mais importante deste trabalho é
identificar vítimas e tirá-las da situação de abuso e exploração", disse
Barreto, destacando a capacidade das polícias estaduais e Federal de
identificarem quem comete crimes cibernéticos.
Internet não é
território sem lei
"Há uma impressão de que a internet é um território sem lei, mas as
polícias dos estados estão sendo capacitadas para buscar as evidências neste
ambiente. E a operação de hoje é uma demonstração de que as polícias estão cada
vez mais aptas a identificar os autores de crimes neste ambiente."
A pena para quem armazena esse tipo de conteúdo varia de um a quatro anos
de prisão. Já quem o compartilha pode ser condenado à pena de de três a seis
anos de cárcere. A produção de conteúdo relacionado aos crimes de exploração
sexual de crianças e adolescentes pode ser punida com quatro a oito anos de
detenção. Somadas, as três primeiras fases da Operação Luz na Infância
resultaram em mais de 400 prisões e instauração de vários inquéritos.
“Ocorrem verdadeiros absurdos no ambiente online e estamos identificando
algumas pessoas que, em tese, são acima de qualquer suspeita, pois não têm
antecedentes [criminais], nem nada. Já foram presos policiais, profissionais
que tratam com crianças e da área de saúde”, afirmou Barreto.
Mais de 1,5 mil policiais civis participam da nova fase, deflagrada nas
primeiras horas da manhã de hoje, em todo o país. Após destacar a dificuldade
da coleta de provas capazes de responsabilizar os investigados, o coordenador
do Laboratório de Inteligência Cibernética destacou a importância dos pais
estarem atentos às atividades dos filhos na internet.
"Nós falamos para nossos filhos não falarem com estranhos na rua.
Precisamos ter este mesmo cuidado com o ambiente online. É importante que os
responsáveis legais orientem as crianças e denunciem [os casos suspeitos] pelos
canais digitais, às delegacias de proteção ou pelo Disque 100 para que as
polícias possam identificar esses criminosos", defendeu o delegado.
Novas ações
O ministro da Justiça e Segurança Pública, Sergio Moro, afirmou que
operações semelhantes voltarão a ser realizadas.
"A operação revela os propósitos da criação da Secretaria de
Operações Integradas, com todo o poder de coordenação e operações entre as polícias
estaduais; entre as polícias estaduais e federais e entre as forças
federais", comentou o ministro da Justiça e Segurança Pública, Sergio
Moro. "Já foram feitas operações semelhantes a esta no passado, mas não
com esta envergadura. Certamente, vamos realizar novas ações desta
espécie", acrescentou o ministro.
De acordo com o ministro, as investigações vão continuar e, a partir da
análise do material apreendido, será possível identificar a eventual rede de
conexões existente entre os investigados e outros internautas.
"Este é um crime muito grave e que nos traz um desgosto por atingir
muito fortemente a nossa infância e adolescência", acrescentou Moro,
garantindo que as autoridades não vão tolerar as práticas criminosas.
"É importante realizarmos esta operação cumprindo todos os mandados
numa mesma data porque, assim, mandamos um recado claro: este tipo de crime não
pode ser tolerado", afirmou Moro. (Via: Agência Brasil)
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