Um dos procurados pela Polícia Federal de Pernambuco, através da
Operação Turbulência, foi encontrado morto no município de Olinda, no bairro
Jardim Brasil, no Motel Tititi, nesta quarta-feira (22). Paulo César de Barros
Morato estava foragido desde a última terça (21), quando a PF cumpriu 62
mandados judiciais e prendeu quatro pessoas, no âmbito da Operação.
Era também suspeito de ter participado do esquema que financiou
irregularmente a campanha de reeleição do ex-governador Eduardo Campos. Morato
era tratado como “testa de ferro” da organização.
Segundo o advogado do motel, Higínio Luis Araújo Marinsalta, o
empresário teria chegado ao local sozinho em um Jeep Renagade preto, na terça,
por volta do meio-dia. Durante toda a estadia, não pediu nada. Na tarde da
quarta, como ele não havia renovado sua diária, os funcionários do estabelecimento
estranharam e abriram a porta do quarto com a chave-mestra, encontrando o seu
corpo em cima da cama, sem sinais de violência, sangue ou arma.
Inicialmente, os investigadores suspeitam que ele teria sofrido um mal
súbito, mas ainda não se sabe oficialmente quais são as circunstâncias da
morte. No local, agentes da Polícias Civil, Militar e Federal fizeram as
primeiras investigações e recolheram objetos. Em seguida, o corpo foi levado ao
Instituto de Medicina Legal (IML), onde passará por exames mais detalhados. Na
quinta (23), o motel ficará em quarentena para a realização de perícia
papiloscópica. Nenhum familiar do empresário compareceu ao local.
Esquema: Segundo o inquérito da Polícia Federal, Morato teria “aportado recursos
para a compra da aeronave PR-AFA (que sofreu um acidente em 2014 e vitimou
Eduardo Campos) e recebido recursos milionários provenientes de empresas de
fachada utilizadas nos esquemas de lavagem de dinheiro, engendrados por Alberto
Yousseff e Rodrigo Morales e Roberto Trombeta, além de provenientes da
construtora OAS”.
Responsável pela empresa Câmara & Vasconcelos, o empresário era
considerado o “testa de ferro” do grupo criminoso. Sua empresa teria sido
contratada pela OAS por R$ 18.858.978,16 para prestar serviços de terraplanagem
durante as obras da transposição do Rio São Francisco e teria movimentado a
maior quantia de dinheiro dentro do esquema. O inquérito aponta, ainda, que
Morato mantinha R$ 24,5 milhões em sua conta.
“Chama a atenção na tabela o montante movimentado pelo investigado Paulo
Morato e por suas empresas, o qual é evidentemente incompatível com o seu
padrão de vida, evidenciando sua condição de “testa de ferro” da organização
criminosa”, diz o documento.
Somadas, as apreensões de Morato e os outros quatro detidos na Operação
Turbulência somam R$ 42,4 milhões. Eduardo Freire Bezerra Leite, Arthur Roberto
Lapa Rosal e Apolo Santana Vieira, João Carlos Lyra Pessoa Filho estão detidos
no Centro de Triagem (Cotel), no Grande Recife.
Até esta quarta-feira (23), a PF analisava a possibilidade de incluir o
nome de Morato na lista de procurados da Interpol. Agora, os investigadores
apuram a relação entre essas empresas citadas na Operação e grupos já
envolvidos na Lava Jato e em investigações que estão no Supremo Tribunal
Federal (STF).
Na terça (22), a PF recolheu oito automóveis de luxo, 45 relógios de
marcas internacionais famosas, além de R$ 3,6 milhões, dólares, revólveres e
uma espingarda. Também foram apreendidos dois barcos, dois helicópteros e um avião.
(Via: Folha de Pernambuco)
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