Não bastassem as graves, mas não
surpreendentes, revelações de um suposto esquema de desvio de verbas públicas
para financiar campanhas do Partido Socialista Brasileiro (PSB), em especial as
do ex-governador Eduardo Campos, a Diretoria do SINPOL tomou conhecimento,
nesta última quinta-feira (23), que Peritos Papiloscopistas - os Policiais Civis
responsáveis por realizar perícias em locais de crime para, dentre outras
atribuições, detectar e identificar a presença de indivíduos suspeitos no local
por meio das impressões digitais - foram impedidos de realizar perícia no
quarto do motel Tititi, onde foi encontrado o corpo do empresário Paulo César
de Barros Morato.
Segundo informações
repassadas ao SINPOL, a ordem para barrar a realização da perícia papiloscópica
teria partido do Secretário de Defesa Social, Alessandro Carvalho, e da Gestora
da "Polícia Científica", Sandra Santos. O empresário encontrado morto
estava foragido, arrolado a Operação Turbulência, da Polícia Federal (PF), que
justamente investiga desvios de mais 600 milhões de reais operados pelo PSB e
empresários, segundo a PF. Diante dos fatos, uma pergunta ecoa firmemente: a
quem interessa uma frágil investigação desse crime?
Causaria-nos profunda
estranheza o impedimento da perícia técnica na cena de qualquer crime. Mas
inegavelmente esse caso envolve elementos pouco comuns e de amplo impacto na
sociedade. No momento em que observamos a devassa na endêmica corrupção que
corrói as estruturas da política e do Estado brasileiro, não podemos deixar que
esses possíveis desvios de dinheiro público, que deveriam estar sendo
empregados na saúde, na educação e na segurança dos pernambucanos, deixem de
ser devidamente apurados. São muitas questões graves que envolvem o episódio,
sobretudo por se tratar de uma testemunha que aparece misteriosamente morta,
pouco depois de ter sua prisão preventiva decretada.
Os Peritos Papiloscopistas
pernambucanos já foram fundamentais para desvendar vários casos de repercussão
no estado, como o do médico Arthur de Azevedo, por exemplo. Tal ingerência,
supostamente perpetrada pelo Secretário de Defesa Social e pela Gestora da
Polícia Científica, que estão sob o comando do Governador Paulo Câmara, é
inadmissível em um estado democrático de direito e deve ser combatida com o
total rigor, tanto contra os emissários quanto aos mandatários desse verdadeiro
crime contra a democracia e a justiça.
É por isso que o
SINPOL luta pela profissionalização e independência administrativa e financeira
da Polícia Civil. Para que possamos investigar a tudo e a todos, sem qualquer
tipo de intromissão política. Não sendo suficiente o sucateamento da Polícia
Civil de Pernambuco, consentido e operado pelo Governo do PSB, entramos
explicitamente em uma fase perigosa da conjuntura. Beiramos o fascismo, ou
qualquer outro regime ditatorial, quando o Estado se “auto sabota” para atender
interesses políticos e particulares, favorecendo a corrupção e a ocultação de
graves crimes.
A DIRETORIA
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