A caciquei do PMDB perdeu o nexo.
Ao tratar Sérgio Machado como um patife sem explicar por que um sujeito como
ele presidiu em nome do partido uma das mais importantes subsidiárias da
Petrobras por quase 12 anos, os pajés peemedebistas estão, no fundo, pedindo à
plateia que faça como eles, que se fingem de bobos pelo bem da nação.
Xamãs
como Michel Temer e Renan Calheiros sabem que o patriotismo do ex-senador
Sérgio Machado cabe numa caixa de fósforos. Mas acham que não devem nada a
ninguém. Muito menos explicações. Não convém arriscar a estabilidade do governo
provisório por algo tão politicamente dispensável como um lote de
esclarecimentos sobre a missão partidária que o agora delator exercia na
Transpetro.
Acusado
de requisitar uma machadiana de R$ 1,5 milhão para a campanha de Gabriel
Chalita, em 2012, Michel Temer amarrou o futuro de sua gestão numa frase:
“Alguém que teria cometido aquele delito irresponsável que o cidadão Machado
apontou, não teria até condições de presidir o país”. Em timbre pausado, Temer
disse que a delação do “cidadão Sérgio Machado” é “irresponsável, leviana,
mentirosa e criminosa.”
O
procurador-geral Rodrigo Janot analisa se Temer merece ser investigado. Não se
pode culpar ninguém com base apenas no verbo de um delator. Mas o substituto
constitucional de Dilma Rousseff condenou-se a viver um cotidiano surreal:
presidente do PMDB há 15 anos, Temer sempre soube que Machado fazia e acontecia
na Transpetro. Administrava os ciúmes do PMDB da Câmara, que não era
aquinhoado. Mas agora precisa fingir que não notou que Machado estava lá.
Renan
Calheiros, apontado como beneficiário de um supermensalão de R$ 300 mil e
propinas que somaram R$ 32 milhões, foi ainda mais incisivo: “Essa delação do
ex-senador Sérgio Machado é uma delação mentirosa do começo ao fim. Ela não
apresenta uma prova sequer. É a repetição de narrativas de delatores que estão
desesperados para sair da cadeia ou querem limpar, lavar milhões que pilharam
do setor público. Eu não acho isso razoável.”
Até
os fios de cabelo implantados na cabeça de Renan sabem que ele era o
padrinho-chefe de Sérgio Machado. Sua tentativa de se desvencilhar do caso
Transpetro, apenas a penúltima e mais explosiva de uma cadeia de histórias mal
contadas enganchadas em sua biografia, também envolve uma conclamação ao
sacrifício da sanidade nacional. Renan diz que Machado pilhou o setor público.
Mas se abstém de informar porque o mantinha sob sua proteção política. A reação
do PMDB à delação de Machado ofende a inteligência de uma criança de cinco
anos. (Via: Josias de Souza)
Blog: O Povo com a Notícia