O novo juiz da Operação Lava Jato
no Paraná, Luiz Antonio Bonat, assumirá a função nesta Quarta-Feira de Cinzas
(6), substituindo o ex-juiz Sergio Moro.
Aos 64 anos, o magistrado nascido em Curitiba é juiz federal há 25 anos.
Atualmente especializado na área previdenciária, Bonat também tem experiência
em casos criminais: já interrogou ex-governador, apurou casos de lavagem de
dinheiro e atuou na investigação de desvios no banco Banestado, nos anos 1990.
Ele assume a 13ª Vara Federal de Curitiba, dedicada exclusivamente aos processos
da Lava Jato, com bastante trabalho: estão em suas mãos, em andamento, pelo
menos 38 ações relativas à operação, segundo levantamento da Folha.
O juiz será responsável por sentenciar réus como os ex-ministros Antonio
Palocci e Guido Mantega; os ex-deputados Eduardo Cunha e Cândido Vaccarezza;
empresários como César Mata Pires Filho, sócio da OAS; ex-diretores e
funcionários da Petrobras; além do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva
(PT).
Desde a saída de Moro para assumir o Ministério da Justiça, em novembro,
os casos foram assumidos pela juíza substituta Gabriela Hardt.
Foi ela quem sentenciou o ex-presidente Lula no caso do sítio de Atibaia
(SP), em fevereiro, e conduziu diversas audiências nas ações da Lava Jato,
incluindo um interrogatório do petista.
Caberá a Bonat, agora, como novo juiz titular da vara, julgar o
ex-mandatário no caso da doação de terreno ao Instituto Lula pela Odebrecht. O
ex-presidente é acusado de receber vantagens indevidas da empreiteira, o que
ele nega. A ação está pronta para ser sentenciada.
Além desse processo, também estão nas mãos de Bonat a ação que julga
desvios na refinaria de Pasadena, no Texas; a primeira denúncia por cartel na
Lava Jato; e denúncias contra executivos ligados a multinacionais como a
Trafigura e a Vitol, entre outras.
A primeira audiência de Bonat será nesta quinta-feira (7): ele conduzirá o
depoimento do doleiro Alberto Youssef, do empresário Ricardo Pessoa, da UTC, e
de Fernando Migliaccio da Silva, da Odebrecht, numa ação que julga desvios na
construção do prédio da Petrobras em Salvador.
O juiz estreará em grande estilo: a audiência será realizada no auditório
da Justiça Federal, em função do grande número de réus do processo (são 42).
O magistrado também deve mostrar o peso de sua caneta em breve: das quase
40 ações da Lava Jato que terá em mãos, 12 estão prontas para serem
sentenciadas.
Bonat foi escolhido para substituir o atual ministro da Justiça em um
processo seletivo interno, conduzido pelo TRF (Tribunal Regional Federal) da 4ª
Região. Ele disputou a vaga com 25 juízes, e foi escolhido pelo critério da
antiguidade: era o mais antigo juiz federal em exercício no tribunal.
O magistrado recusou pedidos de entrevista por ora. Em declaração recente
divulgada pela assessoria da Justiça Federal, Bonat afirmou que irá se
manifestar apenas nos autos.
Prometeu, contudo, "respeitar o princípio da publicidade dos atos
processuais, que é uma garantia fundamental de justiça" — tal como fizera
seu antecessor, que franqueava à imprensa e ao público-geral o acesso às ações
da operação Lava Jato para acompanhamento.
LUIZ ANTONIO BONAT
Juiz federal há 25 anos, especializado em Previdência. Atuou em casos
criminais, como o do Banestado na década de 1990.
Concorreu com outros 25 juízes e foi escolhido por ser o mais antigo
Casos que irá decidir:
Doação de terreno da Odebrecht ao Instituto Lula; ex-presidente é alvo
Desvios na refinaria de Pasadena, no Texas (EUA)
Sentença de réus como Palocci e Eduardo Cunha
Blog: O Povo com a Notícia
Via: Folhapress