Nem todas as escolas de samba conseguem
apresentar suas comissões de frente ao público dos Setores 12 e 13 do
Sambódromo, onde os ingressos custam apenas R$ 10. Também não há jurados que
justifiquem o tempo perdido com a evolução do quesito para além do divertimento
do povão que ocupa as chamadas “arquibancadas populares”.
A
União da Ilha, que cantou o Ceará no desfile desta segunda-feira (04), não
tinha como deixar a Avenida sem brindar a si mesma com o show diante da galera.
A abertura do cortejo da escola rendeu gritos e aplausos em toda a Sapucaí e
precisava ser consagrada em grande estilo antes de deixar a “passarela do
samba”.
Voando
a dez metros de altura, o romeno Alexander Duru foi quem encarou a missão de
cativar a galera, sem grandes desafios: foi só ele aparecer vestido de Padim
Ciço, em cima de um drone que flutuava até a linha de visão das arquibancadas,
para elas explodirem em êxtase. Pontos ganhos com os espectadores e, quem sabe,
com os julgadores espalhados pela pista.
O
pouso foi suave e aconteceu já na Praça da Apoteose, no meio de um círculo
formado por dirigentes e torcedores da Ilha que aguardavam ansiosos pela
chegada da comissão. O templo sagrado transformado em pista de aterrissagem foi
palco de um encontro que resultou em muita comemoração, em alto e bom som.
Junta, a Ilha abraçou Alexander. O gringo acolheu de volta a agremiação.
— Foi
uma experiência fantástica. Estávamos treinando pouco, para que a surpresa não
fosse descoberta. Eu já tinha feito isso em Parintins (AM), no festival de lá.
Aqui, são ainda mais pessoas, milhares e milhares, contou Duru, que é
engenheiro e tem o hábito incomum de voar utilizando drones há quatro anos.
Morando
hoje no Canadá, o profissional trabalha com uma equipe formada por outros
engenheiros que, como ele, entendem bastante do assunto. É preciso uma licença
oficial para pilotar e voar no equipamento, que Duru classifica como um drone
muito mais engenhoso que os comuns. Mas toda a técnica deixou de fazer sentido
enquanto a emoção tomou conta dele, de quem o auxilia e dos 14 dançarinos
comandados pelo coreógrafo Leandro Azevedo, contratado pela tricolor da Ilha do
Governador para estrear nesta temporada.
Ao se
desconectar da super-estrutura oval em que esteve seguramente amarrado para
desfilar nas alturas, Alexander Duru demonstrou empolgação genuína com a sua
segunda passagem pelo Brasil e mostrou que a escalada nos ares tem um quê de
brincadeira de criança. Depois de receber os cumprimentos e conversar com a
imprensa, despido de parte do figurino, o “padre” que mexeu com os ânimos do
carnaval carioca voltou a ser menino: recebeu um par de tênis azuis,
praticamente novos, e com eles em mãos voltou — até o próximo voo — a ser mais
um dos turistas que invadem o Rio nesta época.
Blog: O Povo com a Notícia