O delegado da Polícia Civil da
Paraíba, Allan Terruel, declarou nesta terça-feira (5), durante entrevista
coletiva, que a operação policial que culminou na prisão de 11 dos 19
vereadores e de um contador da Câmara Municipal de Santa Rita só foi possível
graças a um esforço conjunto que contou também com a Polícia Civil de Sergipe e
com agentes do Grupo de Atuação Especial contra o Crime Organizado (Gaeco) do
Ministério Público (MP) do Rio Grande do Sul.
Ele destacou que se descobriu um
verdadeiro “derrame de diárias” com dinheiro público, que o trabalho de
apuração dos fatos vai continuar e que outros eventos do tipo, realizados em
municípios como Gravatá, Natal, Foz de Iguaçu e Maceió, também vão entrar na
mira das investigações.
As prisões aconteceram na madrugada dessa terça-feira (5), dentro da Operação
Natal Luz, comandada pela Polícia Civil e pelo Gaeco paraibanos. As suspeitas
são de que os vereadores de Santa Rita forjaram um evento de capacitação
profissional com a ajuda de uma empresa sergipana para justificarem a viagem a
Gramado, no interior do Rio Grande do Sul, com o objetivo de passearem por
quatro dias pela cidade e durante o período curtirem o Natal Luz, evento
turístico tradicionalmente realizado no fim de ano no município gaúcho.
Para Terruel, uma prática recorrente que configuraria em desvio de
dinheiro público para fins pessoais. “O estudo da improbidade administrativa
quanto ao caso é bem delineado”, pontuou. Ele explicou que os vereadores já
estavam sendo observados, mas ainda faltava comprovar toda a mecânica da
operação. “Nessa oportunidade, nós tivemos isso. Recebemos uma informação
privilegiada confirmando as inscrições e o folder do evento. Aonde ele seria e
o tempo em que ele iria se desenvolver”, frisou.
Com informações prévias sobre quando seria o próximo evento, portanto, a relação
interinstitucional pôde ser realizada. O delegado explica que os agentes
paraibanos ficaram responsáveis por acompanhar as movimentações e os estudos de
empenhos financeiros realizados pelo grupo. Simultaneamente, a polícia
sergipana investigava a empresa promotora do evento e agentes do Gaeco gaúcho
iam a campo para acompanhar o passo a passo do grupo, seguindo os seus passos
por Gramado.
“A questão ultrapassou o crime de improbidade administrativa. Alcançou a
prisão através de uma ação penal”, prosseguiu, ponderando que dos quatro dias
de evento – que teoricamente aconteceu entre 31 de outubro e 4 de novembro –, o
grupo só teve uma única manhã de programação, com todo o resto do tempo
destinado ao lazer.
O delegado explica também outros pontos suspeitos. A palestrante escalada
para Gramado tinha outro evento programado para Fortaleza, no mesmo período.
Ademais, o evento era praticamente exclusivo para os paraibanos. “Era como se
os vereadores de Santa Rita tivessem sido os únicos a descobrir a existência de
um evento que não estava sendo anunciado em canto nenhum”.
Ademais, Terruel disse que os vereadores poderiam ter convidado a
palestrante para Santa Rita, mas que ao invés disso pagaram passagens, diárias,
hospedagens, etc, para todos os vereadores que viajaram, inclusive levando
acompanhantes. “Vamos analisar ainda o tamanho dessa lesão”, concluiu.
Terruel, no fim das contas, disse que os envolvidos foram orientados por
advogados a ficarem em silêncio e que ele iria respeitar essa decisão.
Ainda assim, o advogado Alderban Coelho, que representa os 12 presos, se
pronunciou de forma breve. Ele disse que não existem motivos para prisão em
flagrante e que por isso a rechaça. Depois, ele ponderou que ainda não teve
acesso às questões fáticas do inquérito e que por isso não poderia falar mais
detalhadamente sobre a acusação em si. (Via: G1 PB)
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