O cantor e compositor Caetano Veloso encerrou o penúltimo dia da Flip 2020, neste sábado (4) e afirmou que os 54 dias que passou encarcerado durante a ditadura militar apagaram nele a atração por outros homens. O artista também explicou por que, na juventude, recusava ser identificado como “bissexual”.
“Fiquei numa solitária. Depois de alguns dias sem ninguém falar comigo, deitado no chão, houve uma espécie de apagamento do meu reconhecimento de mim mesmo. Senti que Narciso estava, de fato, em férias”, disse.
E continuou: “O espaço muito masculino da prisão militar causou um outro apagão aqui, que foi a atração sexual e sentimental por homens. Fiquei com uma rejeição sexual em relação à figura dos homens, que eu não tinha”.
Intitulada “Transições”, a mesa com as presenças de Caetano e do filósofo Paul B. Preciado era uma das mais aguardadas desta edição da Flip, que acontece de maneira totalmente virtual. A conversa foi gravada na semana passada, e contou com a mediação do jornalista mexicano Ángel Gurría-Quintana.
Durante o evento, Caetano também relembrou paixões que teve por homens e mulheres na juventude, mas contou que recusava ser rotulado como "bissexual". “Muitas pessoas que eu conhecia usavam essa expressão “bissexual” para efeitos muito inautênticos. Então eu dizia: “também não quero esse (termo)”.
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