O ministro Ricardo Lewandowski, do Supremo Tribunal Federal (STF), permitiu que a defesa do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva tenha acesso a mensagens de autoridades hackeadas apreendidas pela Operação Spoofing, como integrantes da força-tarefa da Operação Lava Jato.
A Operação Spoofing foi deflagrada em julho de 2019 e buscou desarticular uma organização criminosa de crimes cibernéticos. De acordo com informações do portal UOL, o acesso concedido após um pedido do ex-presidente é relativo às mensagens que digam respeito a Lula, e que tenham relação com investigações e ações penais contra ele.
O conteúdo das mensagens, contudo, deverá permanecer em sigilo, destacou Lewandowski. "Considerando que os arquivos arrecadados compreendem cerca de 7 TB [terabytes] de memória, envolvendo inclusive terceiras pessoas, advirto que os dados e informações concernentes a estas deverão permanecer sob rigoroso sigilo", escreveu.
O compartilhamento das mensagens deverá ser feito pela 10ª Vara Federal Criminal do Distrito Federal, com o apoio de peritos da Polícia Federal, em até dez dias. É válida a entrega de mensagens relacionadas a investigações e ações penais de Lula na 13ª Vara Federal Criminal de Curitiba ou em qualquer outra jurisdição, inclusive estrangeira.
A defesa do petista busca, a partir destas informações, reverter condenações na Justiça alegando parcialidade dos envolvidos em seus julgamentos. O grupo de investigados pela Operação Spoofing é suspeito de invadir os celulares de autoridades e acessar suas mensagens privadas em aplicativos.
Foram alvos de hackers o ex-juiz federal e ex-ministro da Justiça Sergio Moro e o ex-coordenador da força-tarefa da Lava Jato em Curitiba, procurador Deltan Dallagnol, entre outros. Em 2019, o site The Intercept Brasil publicou uma série de reportagens com base em mensagens atribuídas a Moro e Dallagnol, entre outros integrantes da força-tarefa.
As reportagens mostram conversas deles sobre assuntos investigados, e sugerem a interferência do então juiz no trabalho realizado pela Lava Jato.
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