Uma reportagem assinada pelo repórter João Batista Jr., publicada pela revista Piauí, nesta sexta-feira (4), revelou detalhes sobre episódios de assédio sexual e moral denunciados contra o ator, diretor e roteirista Marcius Melhem durante o período em que ele era diretor humorístico do Zorra, atração de humor da Rede Globo.
A maior parte da publicação relata situações que envolveram a humorista Dani Calabresa, primeira mulher a denunciar o comportamento inadequado dele aos departamentos administrativos da emissora.
Para a reportagem, no entanto, mais de 40
pessoas foram entrevistadas, incluindo testemunhas e outras vítimas de assédio
moral e sexual praticados por Melhem, que foi desligado oficialmente da empresa
em agosto.
Na nota de encerramento de vínculo, porém, a
Rede Globo não citou o real motivo para tal. Isso, inclusive, tem sido motivo
de discórdia dentro da emissora, segundo a reportagem. Um grupo de
profissionais, com representação de uma advogada, luta para que os fatos sejam
apresentados.
O texto cita, com detalhes, situações de extrema
falta de respeito, dignas de repulsa. O primeiro episódio relatado envolvendo
Dani Calabresa foi em uma festa pelo centésimo episódio do humorístico, em um
Karaokê, no Rio, ainda em 2017.
No local, Melhem teria tentado beijá-la à força
em um palco, mas ela se desvencilhou. Não satisfeito, ele a abordou na saída do
banheiro, mais uma vez na tentativa de beijar a artista. Mas foi
além.
Como a artista reagiu à investida, ele
imobilizou os braços dela com uma mão. "Com a outra, puxou a cabeça dela
para forçar um beijo. Assustada, Calabresa cerrou os lábios e virou o pescoço,
mas Melhem conseguiu lamber o rosto dela. Em seguida, tirou o pênis para fora
da calça. Enquanto a atriz tentava soltar os braços e escapar da situação,
acabou encostando mão e quadris no pênis de Melhem. Ao reencontrar os colegas
no salão, Calabresa teve uma crise de choro. Os atores Luis Miranda e George
Sauma ofereceram a ela um copo d’água e confortaram a amiga”, descreve o texto
de João Batista Jr.
A partir de então, foi uma sucessão de momentos
constrangedores protagonizados pelo então diretor e roteirista do Zorra, os quais
Dani Calabresa só teve coragem para expor à cúpula global em 2019. Antes disso,
ela chegou a sofrer boicote profissional por parte dele e teve de recorrer a
medicações para conseguir dormir.
Após as denúncias da humorista, outras mulheres
também procuraram o Departamento de Desenvolvimento e Acompanhamento Artístico
da Globo, então chefiado por Monica Albuquerque. De acordo com a publicação da
Piauí, foi sugerido a Melhem que procurasse um terapeuta. Apenas isso. Sem
qualquer pena, o que desagradou não só as vítimas, mas testemunhas e amigos
próximos. Procurado pela revista, Melhem disse que não se pronunciaria porque
“a sentença já estava dada”. Falou ainda que procurará justiça.
O assunto, claro, foi um dos mais comentados
desta sexta-feira nas redes sociais. Muitos artistas e personalidades
escreveram para dar força às vítimas, além de enaltecer a coragem de Dani
Calabresa em levar as denúncias adiante.
É sabido que, muitas vezes, as mulheres acabam
silenciando esse tipo de situação, sobretudo por terem julgamentos externos. O
próprio Melhem, segundo a reportagem da Piauí, no momento de pedir desculpas a
ela após o episódio inicial, ainda 2017, disse que “a culpa” era dela, por
estar muito gostosa.
Em entrevista ao portal de notícias UOL, a atriz pernambucana Fabiana Karla
disse que legitima a dor de Dani Calabresa e que era visível a angústia
que ela sentia quando precisava gravar no Rio de Janeiro.
Confira
algumas reações: