Enquanto as investigações sobre o assassinato do pastor Anderson do Carmo se desenrolavam em 2020 na Delegacia de Homicídios de Niterói, São Gonçalo e Itaboraí, na região metropolitana do Rio de Janeiro, a deputada federal Flordelis dos Santos (PSD-RJ) viu suas emendas parlamentares de mais alto valor sendo liberadas pelo Governo Federal, segundo apurou a Veja.
Ainda investigada pela morte do marido em 2020 e tornada ré no final de agosto do mesmo ano, a parlamentar recebeu 10.140.454,00 de reais do orçamento da União para atender os seus pleitos, todos eles descritos como voltados para o atendimento em saúde no estado do Rio.
O pastor Anderson do Carmo foi assassinado com seis tiros na madrugada de 16 de junho de 2019 dentro da garagem de casa. As balas causaram 30 perfurações no corpo do pastor. Após um ano e dois meses de investigações, a Polícia Civil do Rio de Janeiro e o Ministério Público estadual apontaram a deputada federal como a mentora e a mandante do homicídio do próprio marido.
Os executores, de acordo com as investigações, foram o filho biológico de Flordelis, Adriano dos Santos Rodrigues, e o adotivo Lucas dos Santos – o primeiro teria efetuado os disparos, enquanto o segundo teria obtido a arma calibre 9mm usada no homicídio. Mais dez pessoas, entre filhos e netos, estão presas acusadas de terem participado da trama conspiratória que executou o pastor. A deputada só não foi presa devido à imunidade parlamentar. O casal tinha um total de 55 filhos, entre biológicos e adotivos. Flordelis nega as acusações. Ela e os demais réus estão sendo julgados pela 3ª Vara Criminal de Niterói.
Os dados sobre as quantias liberadas por meio de emendas parlamentares para a deputada – que hoje é monitorada por uma tornozeleira eletrônica e não pode sair de casa entre 22h e 6h – constam no Portal da Transparência do Governo Federal, que não informa a data precisa na qual os valores foram pagos. Outros 2,8 milhões de reais, relativos a emendas parlamentares de menor valor em 2020, estavam empenhados e não chegaram a ser pagos, mas os pagamentos já foram autorizados pelo governo.
As mais polpudas cifras foram pleiteadas para a saúde e para a atenção básica da capital fluminense: são duas no valor exato de 2.220.227,00 de reais. Há, ainda, três emendas no valor de 1,5 milhão de reais liberadas para assistência hospitalar e ambulatorial nas cidades do interior: Saquarema, Campo dos Goytacazes e Tanguá. Outra emenda, de 1,2 milhão de reais, foi designada com o mesmo rótulo para unidades de saúde na cidade de Rio Bonito.
O Portal da Transparência, no entanto, não discrimina para quais unidades de saúde essas verbas foram destinadas. Procurados por VEJA, nenhum dos assessores atendeu ao telefone do gabinete de Flordelis nesta terça-feira, 2.
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