A internet é uma ferramenta revolucionária que pode ser usada para facilitar a vida de todas as pessoas. No entanto, com a imensa variedade de sites que existem, fica fácil o usuário se perder e ser vítima de um golpe. É o que aconteceu recentemente com pessoas que tentaram adquirir um veículo por leilão em Pernambuco.
Os sites se apropriaram de conhecidas
empresas e criaram um endereço eletrônico para confundir os consumidores. O
layout das páginas falsas eramsemelhantes entre si, mas diferente do
original. Até a publicação matéria, os sites continuavam operando
normalmente.
O gerente de logística José
Neto, 36 anos, foi uma das vítimas dos golpistas. Ao realizar uma pesquisa no
Google, entrou em um site patrocinado de uma famosa empresa de leilão. Pelo
menos era onde ele achava que estava. O site era falso. “A
princípio, não desconfiei de nada. Até porque já tinha arrematado antes, mas de
forma presencial. Tudo foi muito parecido ao procedimento verdadeiro de
arremate”, conta.
O gerente, que imaginou ter comprado dois veículos, um Toyota
Corolla e um Ford Focus totalizando R$ 55.650, não fazia ideia do que estava
para acontecer. Ele arrematou os veículos e logo recebeu uma ligação que pedia
para ele realizar a transferência. Até então, “tudo bem”.
No dia seguinte, após já ter transferido a quantia, Neto foi até o endereço da
empresa para retirar o carro. Chegando lá mostrou os documentos e logo ouviu:
“Olha aí, mais um”. Era mais uma vítima do Golpe do Leilão. “Fiquei sem chão e
sem acreditar no que havia acontecido. Fui até o banco, que disse não poder
fazer nada. Já na delegacia, esperei mais de duas horas”, disse Neto, se dando
conta de que havia perdido o dinheiro.
Aos 29 anos de idade, o administrador Caio Souza pretendia
comprar um carro 0 km, mas, devido aos altos preços praticados, resolveu
pesquisar em leilão como uma alternativa mais barata. “Busquei pelo Google e
logo apareceu o anúncio patrocinado. Olhei os
carros e havia diversas opções com preços tentadores”, explica.
Souza foi mais uma vítima do golpe e somente descobriu depois que
tinha feito a transferência e foi buscar o carro na sede da empresa. Ao chegar
lá, não havia nada. Tentou entrar em contato. Sem sucesso. “Comecei a pesquisar
sobre golpes na internet e vi que a situação se enquadra com o que era. Fui à
polícia e o delegado disse que já tinha casos com isso”, lembra.
Souza teve um prejuízo de R$ 30 mil com a tentativa de
comprar um Ford Ecosport Titanium ano 2018. “Minha preocupação é com pessoas
futuras que podem cair nesse golpe”, desabafa.
A terceira vítima que a reportagem entrou em contato estava precisando de
dinheiro para construir. O designer gráfico José Tiberio, de 32 anos, resolveu
vender seu carro e comprar outro de valor mais barato. Optou pelo leilão,
buscou no Google e logo entrou no link patrocinado dos golpistas, o primeiro
exibido no resultado da busca. “Você fica cego de primeira e duvida, mas cria
esperança que não é falso”, diz.
“Entrei em contato com um amigo meu que é formado em TI após
o golpe e ele mostrou os selos de verificação do site e disse que era mais
seguro que o original, por sinal”, afirma. Os golpistas conseguiram colocar
localização, selos de proteção do site, tudo para gerar mais
credibilidade.
Tibério somente se deu conta que o Volkswagen Jetta ano 2015
pelo qual pagou R$ 26 mil era falso quando resolveu entrar no
Instagram da empresa verdadeira e havia um stories informando sobre o golpe.
“Nesse momento, entrei em desespero”, disse.
A reportagem tentou entrar em contato com a polícia civil
para saber mais informações sobre o caso, mas não obteve sucesso. Segundo o
advogado Roberto Dutra, especialista em direito do consumidor, as vítimas
do golpe vão entrar com uma ação individual contra as instituições bancárias.
“Pela falta de fiscalização na abertura de conta corrente dos golpistas, pelo
Código de Defesa do Consumidor, ela é responsável pelos prejuízos ao
consumidor”, revelou o advogado.
“As instituições deveriam
exigir documentos e fiscalizar a abertura. Como não fizeram, indiretamente,
elas contribuíram para que os consumidores fossem vítimas”, detalha
Martins.
Dicas para não cair em golpes
O leiloeiro Diogo Martins explica quais são os pontos mais importantes para que
o consumidor não caia em golpes:
“Entrar no site da junta comercial (em Pernambuco é a Jucepe)
e procurar o link com o nome de todos os leiloeiros matriculados é uma dica
importante. Se possível veja o contato do leiloeiro e ligue para ele para
confirmar o site e outras informações”, explica Martins.
Outro passo importante é verificar o edital do leilão, com
condições de pagamento, horário, data entre outras informações.
Observe também a URL dos sites. “Na maioria dos falsos,
termina com .com/org, e os verdadeiros são .com.br. Em caso de a URL
ser apenas .com, acenda a bandeira amarela e busque mais informações. .org;
/br ou /org não existem, explica Martins, dizendo que a melhor forma
é pegar contato do leiloeiro e ligar para os habilitados no
site.
No caso de ser leilão extrajudicial, sempre se atente ao
pagamento. Pois o pagamento é sempre na conta do leiloeiro, nunca na de
terceiros. Se não for assim, não faça.
Segundo Martins, o perigo desses golpes é que o consumidor
cadastra várias informações no site da empresa falsa. Com esses dados, os
estelionatários conseguem abrir uma nova empresa e aplicar novos golpes a
terceiros formando uma cadeia de golpes sucessivos. (Via: Folha PE)
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