O presidente Jair Bolsonaro decidiu demitir o presidente da Petrobras, Joaquim Silva e Luna, nesta segunda-feira, segundo integrantes do governo, em meio à pressão por conta do aumento no preço dos combustíveis e depois de diversas críticas feitas pelo governo e pelo Congresso à estatal.
O anúncio ainda não foi feito, mas isso deve ser confirmado nas proximas horas, de acordo com interlocutores do Palácio do Planalto.
De acordo com fontes próximas ao governo federal, o economista Adriano Pires, especialista do setor de
óleo de gás, é o mais cotado para assumir o cargo.
Esta é a segunda troca na
Petrobras em um ano, tendo a mesma causa: o preço dos combustíveis.
Primeiro presidente da Petrobras na gestão Bolsonaro, Roberto
Castello Branco deixou o cargo em fevereiro do ano passado, sendo substituído
pelo general da reserva Silva e Luna — que, até então, comandava a parte
brasileira de Itaipu.
Com menos de um ano efetivamente no cargo, Silva e Luna deixa
o posto após Bolsonaro discordar da política de preço da estatal. Essa política
repasssa para o mercado interno as variações do dólar e do barril de petróleo.
Este último disparou, por conta da guerra na Ucrânia, fazendo aumentar a
pressão por reajustes nos combustíveis no país.
As sanções ocidentais à Rússia causadas pela invasão da
Ucrânia fizeram o barril de petróleo disparar num primeiro momento (mesmo que
agora esse valor já tenha voltado ao nível pré-guerra).
Por conta desse aumento, a Petrobras anunciou uma alta de
18,77% na gasolina e de quase 25% no óleo diesel, gerando uma insatisfação
generalizada no governo e no Congresso.
Bolsonaro fez diversas críticas à Petrobras nas últimas
semanas. Revelou que o governo federal foi avisado antecipadamente que a
Petrobras iria realizar um reajuste no preço dos combustíveis, que foi
anunciado.
Bolsonaro disse que foi feito um pedido para que a empresa
adiasse por um dia o aumento, mas afirmou que essa solicitação não foi aceita.
O presidente disse que o pedido foi feito de forma não
oficial porque poderia classificar interferência na empresa:
— A (recusa da) solicitação feita, não oficialmente, porque
não podemos interferir na Petrobras nem vamos interferir, de atrasar um dia o
anúncio do pagamento, isso pegou muito mal aqui em Brasília.
Bolsonaro também classificou o reajuste como um
"crime" cometido pela Petrobras.
— Por um dia, a Petrobras cometeu esse crime contra a
população, esse aumento absurdo no preço dos combustíveis. Isso não é
interferir na Petrobras, a ação governamental. É apenas bom senso. Poderiam
esperar — disse.
A saída ocorre num momento de irritação de Bolsonaro com
Silva e Luna, mesmo o presidente tendo sido aconselhado por auxiliares e
ministros a mantê-lo no cargo.
Assessores vinham dizendo ao presidente que a troca do comando
da empresa não teria efeito algum, já que o substituto não teria autonomia para
mexer sozinho na política de preços da estatal.
A Petrobras transfere para o consumidor interno os custos do
barril de petróleo no mercado internacional e da cotação do dólar.
A política de preços está registrada em documentos internos e
pela governança da Petrobras, que só podem ser alterados pelo Conselho de
Administração (onde o governo tem maioria).
Militares do governo vinham conseguindo segurar Silva e Luna
no cargo. Como mostrou a colunista do GLOBO Malu Gaspar, porém, esses ministros
não gostaram da reação do presidente da Petrobras, Joaquim da Silva e Luna, e
do ministro das Minas e Energia, Bento Albuquerque, às declarações de Bolsonaro
sobre alta de preço dos combustíveis.
Vários desses ministros, especialmente o general Braga Netto,
têm repetido em conversas com aliados que Silva e Luna não cumpriu a missão
para a qual foi convocado e não deveria estar respondendo a presidente
publicamente. (Via: O Globo)
Blog: O Povo com a Notícia