A Deputada Federal Marília Arraes foi entrevistada pelo jornalista Nill Júnior ao programa Manhã Total, da Rádio Pajeú. Marília falou de articulações em torno de sua pré-campanha, políticas de alianças e outros temas.
De sexta pra cá, qual a repercussão do lançamento dessa pré-candidatura?
A repercussão tem sido boa, temos todo aceitação das pessoas até porque
o PSB tava com costume de ganhar a eleição antes da eleição começar. Tentava
mexer as pedras, virar o jogo, tirar um candidato aqui, outra ali, no caso eu,
né? Ficava sempre sento tirada no páreo, negociava um estado aqui, outro ali,
pra retirar candidatura de alguém competitivo, e quando chegava na campanha
eles só passeavam. Agora o jogo mudou. A gente entrou no páreo para faze o
diálogo de unidade das oposições contra Bolsonaro, ampliar a votação do
presidente Lula e isso mudou a estratégia praticamente de todo mundo.
O PSB tem estrutura de campanha e a máquina estadual em torno de Danilo
Cabral, além da maioria dos prefeitos. Como está sua articulação para enfrentar
esse bloco?
Estranho que o pessoal fala que vamos enfrentar a máquina com uma
naturalidade como se fosse legal, como se não fosse crime usar a máquina nas
eleições. Virou uma coisa normal o abuso de poder econômico. Eu não tenho medo
disso. Eu chego numa cidade, vou na feira, converso com as pessoas, subo num
banquinho. Faço meu discurso, vou pra outra cidade. Antes disso converso com as
pessoas, ouço seus problemas. Aprendi a fazer campanha com Arraes. Por isso
essa proximidade com as pessoas. Não tenho medo de estrutura, dinheiro, poder.
Falando em Arraes, em 98 o governo começou com 156 prefeituras e terminou com
doze. Provavelmente é o que vai acontecer agora. O candidato do PSB não cresce.
Na Bahia mudaram o candidato três vezes e decidiram que o candidato do governo
que é uma pessoa desconhecida já está em 30% (Jerônimo Rodrigues associado ao
nome de Lula vai a 37%). Danilo não chega em oito. Vamos ter um levante como
esse, não tem máquina não tem governo, não teve dinheiro que dê solução que o
povo faz valer sua vontade.
O Solidariedade perdeu Augusto Coutinho para o Republicanos. Seu bloco
precisa de uma chapa mínima para ALEPE e Câmara. Como está essa montagem?
Parece que todo mudo deixou pra última hora a montagem. Pra mim, como
consegui o partido semana passada começamos de última hora. Estamos nas últimas
conversas. Até a reta final, vai ser muita reunião, muito cálculo, muita articulação
que vai resultar numa chapa pra nós com risco de fazer dois a três federais e
quatro a cinco estaduais. Precisamos aguardar até a reta final. Tem nome de
candidato que está em cinco listas diferentes. Mas até o final do prazo vamos
chegar a uma conclusão. No lançamento da candidatura vamos apresentar nossos
nomes.
O seu nome não deve se alinhar agora a Raquel Lyra, Anderson Ferreira ou
Miguel Coelho. O Solidariedade vai sozinho?
Sou pessoa de diálogo. Importante dialogar com todos atores políticos de
Pernambuco, fazer unidade contra Bolsonaro e ampliar a votação do presidente
Lula até porque Bolsonaro tem ampliado sua intenção de voto. Pernambuco precisa
compensar o que ele pode perder no Sul e Sudeste. E também na oposição ao PSB,
que já está aí há 16 anos, num desgaste cada vez maior. As pessoas não querem e
terminam votando no PSB porque ele surfa e tenta enganar as pessoas com a
popularidade do presidente Lula. O diálogo existe. Sou favorável a uma unidade
das candidaturas contra Bolsonaro e o PSB e o que eu puder, vou fazer,
preservando as questões programáticas nossas, que são inegociáveis.
De seu anúncio pra cá, você já se sentiu vítima de rasteira ou jogo sujo
de PSB e PT?
Sem dúvidas. Quando uma pessoa conversa comigo, mesmo há oito anos
abandonada, depois de sair da minha sala vira a pessoa mais importante do
mundo. O PSB liga agoniado. E já estão espalhando Fake News, dizendo que eu vou
acabar com o programa Mãe Coruja. Como eu acabaria? Eu sou mãe de uma menina de
dois meses. É uma loucura, um desespero. O povo não acredita mais nisso não. Já
correram pra tirar foto com o presidente Lula, os candidatos que conversam
comigo eles vão atrás oferecendo o mundo e o fundo. Mas é desespero de quem
tava acostumado a ganhar por WO, que não conseguiu resolver o jogo antes da
eleição. Tiraram a minha candidatura como em 2018, com a população ficando com
falta de opção. E nessa eleição pensavam que seria de todo jeito. Mas a gente
não deixou isso acontecer.
O pré-candidato e ex-prefeito Luciano Duque (PT), que sempre defendeu
seu nome, deve continuar no PT, assim como a maioria dos diretórios da região.
Com quem sua campanha contará na região?
Eu não estou chamando as pessoas para saírem do PT. Estou chamando para
fazer a campanha que elas querem fazer, que queriam fazer desde 2018,
principalmente no interior. A grande maioria não quer votar no PSB. Sobre
Luciano Duque, acho que aqui no Solidariedade a eleição dele seria muito mais
tranquila. Com a Federação, vai ser uma chapa mais difícil. Ele vai ter muito
voto, é competitivo, mas aqui teria mais tranquilidade. Mas não tô chamando
ninguém pra sair do PT. Eu queria ficar no PT, se não fossem as divergências
locais, internas todas que aconteceram. Não foi uma decisão fácil. As
lideranças locais fiquem no PT mas votem e façam uma campanha do jeito que
sonharam. Estamos vendo vários diretórios municipais declarando apoio, já
encontrei com pessoal de Flores e vários municípios que estão se organizando
para declarar apoio a essa candidatura.
Chegou a conversar com Duque?
Converso sempre com ele. Hoje devemos conversar novamente também.
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