O presidente Jair Bolsonaro (PL) voltou a criticar a Petrobras e disse que a empresa cometeu um “crime contra a população” ao reajustar, na semana passada, o preço dos combustíveis no Brasil. A alta, motivada pelo conflito entre Rússia e Ucrânia, foi de 18,8% na gasolina e de 24,9% no diesel.
Um dia depois do aumento, o
Congresso Nacional aprovou, e Bolsonaro sancionou, o projeto de lei que altera a regra de
incidência do Imposto sobre Operações relativas à Circulação de Mercadorias
(ICMS) sobre Combustíveis. A tentativa é de amenizar o repasse da
alta dos preços ao consumidor final.
“Por um dia, a Petrobras cometeu esse crime contra a população, com esse
aumento absurdo no preço dos combustíveis. Isso não é interferir na Petrobras,
na ação governamental, é apenas bom senso. Poderiam esperar ao menos”, disse o
presidente, na terça-feira (15/3), à TV Ponte Negra, afiliada do SBT no Rio
Grande do Norte. A entrevista foi veiculada nesta quarta (16/3).
“E
quando eles deram um reajuste, o preço do petróleo lá fora estava em US$ 130.
Hoje está em US$ 100. Agora eu pergunto: a Petrobras – que eu não tenho
ascendência sobre ela, eu não mando na Petrobras – vai reduzir o aumento
absurdo concedido na semana passada ou está muito bom para todos vocês da
Petrobras?”, indagou Bolsonaro.
Durante a conversa, Bolsonaro
também disse que o preço dos combustíveis no
Brasil “impagável”. Na entrevista, ele defendeu a privatização da
Petrobras.
“Não tenho poderes sobre a Petrobras. Por mim, é uma empresa que poderia
ser privatizada hoje, ficaria livre desses problemas. E a Petrobras se
transformou na Petrobras Futebol Clube, onde há um clubinho lá dentro, que só
pensam neles, jamais pensam no Brasil. Até mesmo o repasse para o gás de
cozinha – algo impensável – fizeram também.”
Questionado se existia a
possibilidade de troca na presidência da Petrobras, Bolsonaro disse que sim,
mas que isso não quer dizer que a troca será realmente feita. Atualmente, a
empresa é comandada pelo general Joaquim Silva e Luna, que negou que deixará a
petroleira.
“Existe essa possibilidade [de trocar o presidente da Petrobras]. Todo
mundo no governo – ministros, secretários, diretos de empresas, presidentes de
estatais – pode ser substituído se não tiver fazendo um trabalho à contento.
Não quer dizer que vai ser trocado ou que não vai ser trocado. Eu só não posso
trocar o vice-presidente da República. O resto, todos podem ser trocados,
obviamente por motivos de produtividade, por motivo de falha ou omissão no
respectivo serviço”, afirmou.
Reajuste nos combustíveis
O reajuste anunciado pela Petrobras começou a valer na última sexta-feira
(11/3). O preço médio de venda da gasolina para as distribuidoras passou de R$
3,25 para R$ 3,86 por litro, um aumento de 18,8%. Para o diesel, o preço médio
passou de R$ 3,61 para R$ 4,51 por litro, uma alta de 24,9%.
O GLP, conhecido como gás de cozinha, também ficou mais caro. O preço
médio de venda do GLP da Petrobras para as distribuidoras foi reajustado em
16,1% e passou de R$ 3,86 para R$ 4,48 por kg, equivalente a R$ 58,21 por 13
kg.
“Apesar da disparada dos preços do petróleo e seus derivados em todo o
mundo, nas últimas semanas, como decorrência da guerra entre Rússia e Ucrânia,
a Petrobras decidiu não repassar a volatilidade do mercado de imediato,
realizando um monitoramento diário dos preços de petróleo”, afirmou a estatal,
em comunicado.
A empresa argumentou que os valores refletem parte da elevação dos
patamares internacionais, impactados pela oferta limitada frente à demanda
mundial por energia.
O governo federal estuda uma forma de segurar os preços dos combustíveis.
A equipe econômica avalia repassar o custo da alta do petróleo no mercado
internacional para a estatal ou criar novo programa de subsídios. (Via: Metrópoles)
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