Com a invasão russa da Ucrânia na terceira semana, a guerra não dá sinal de que se encerrará tão cedo. Governos do Ocidente aplicaram duríssimas e amplas sanções econômicas contra a Rússia, e empresas multinacionais boicotaram o país, trazendo desdobramentos que afetam o restante do mundo.
Alguns
especialistas acreditam, no entanto, que o cenário pode se mostrar favorável à
economia brasileira.
Para Alessandro Azzoni, economista, advogado e
conselheiro da Associação Comercial de São Paulo, o Brasil pode se tornar uma
espécie de “porto seguro” para investimentos em meio à guerra.
“Todo investidor tem aversão total a países em
conflito. Precisamos tomar um posicionamento de neutralidade, por ser um
conflito distante, atraindo investidores para o Brasil”, opina. “Os
investidores veem o país como fora do eixo de conflito, e os problemas
econômicos do Brasil se tornam muito pequenos em relação a uma economia de
guerra.”
Importações
Segundo dados da Secretaria de Comércio Exterior do Ministério da
Economia, o volume de produtos importados da Rússia foi estimado em US$ 5,7
bilhões no ano passado. Carvão, fertilizantes químicos, óleos combustíveis
de petróleo e
metais estão entre as principais importações.
Os impactos econômicos da invasão ocorrem em nível global. A Rússia é o
segundo maior exportador mundial de petróleo, atrás somente da Arábia Saudita.
O acirramento da guerra deve fazer os preços do combustível subirem ainda mais.
Na semana passada, o barril de petróleo terminou a sexta-feira (4/3) com alta
de 20%, teve pequeno respiro com esperança de um cessar-fogo, mas seguiu
altíssimo com a frustração dos esforços diplomáticos pela paz.
Segundo Azzoni, o aumento da inflação pode chegar aos preços dos
combustíveis, da energia elétrica e de alimentos.
“Praticamente todos os setores serão afetados pelo aumento no preço do
combustível. Se houver o repasse, a gasolina deve ultrapassar R$ 9 ou R$ 10. O
diesel deve chegar a R$ 6. Isso afetará todo o frete rodoviário e marítimo”,
detalha Azzoni.
O agronegócio é um dos setores brasileiros mais preocupados com o
prolongamento da guerra. São Paulo e Minas Gerais são os dois estados com maior
dependência de fertilizantes importados da Rússia, segundo estudo do Instituto
Pensar Agropecuária (IPA), vinculado à Frente Parlamentar Agropecuária (FPA).
“Quando impacta a oferta, o preço sobe. Isso afeta o agronegócio e os custos de produção. A política de juros também é alta, o que torna o ciclo produtivo caro, e o custo é repassado para o consumidor”, detalha o economista. “Por outro lado, o dinheiro traz um atrativo, com o ingresso de dólares no mercado.” (Via: Metrópoles)
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